Poucas empresas usam pacote do câmbio

Brasília – Menos de 60 empresas usaram, no ano passado, a possibilidade de deixar no exterior 30% dos dólares obtidos na exportação – um dinheiro que seria usado para pagar suas obrigações em moeda estrangeira. Essa medida foi anunciada com pompa em julho do ano passado e a expectativa do ministro da Fazenda, Guido Mantega, era que as empresas deixariam um montante tão grande de dólares no exterior que a cotação da moeda estrangeira no Brasil subiria. Não foi o que aconteceu.

O pequeno número de empresas usuárias da medida surpreendeu Mantega. "O ministro perguntou a empresários por que não estavam deixando dinheiro lá fora", disse o secretário-adjunto da Receita Federal, Carlos Alberto Barreto. Ele queria saber se havia problemas na regulamentação feita pela Receita. Os empresários disseram que não e explicaram que não estavam deixando dinheiro lá fora porque preferiam trazê-lo ao país e aplicar no mercado financeiro para ganhar com as altas taxas de juros, numa operação chamada arbitragem.

"Os exportadores estão usando pouco, porque a regulamentação deixou um certo receio sobre o que pode ocorrer no futuro", comentou o vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro.

Na sua avaliação, os formulários criados pela Receita para controlar o uso do dinheiro deixado no exterior não são o principal empecilho. "Não é a desconfiança da Receita em relação às empresas, é a desconfiança das empresas em relação à Receita." Os exportadores temem que, no futuro, os fiscais questionem se determinada despesa poderia ter sido paga diretamente no exterior, dando margem a multas elevadas.

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São Paulo – O mercado de luxo no Brasil deve movimentar em 2007 US$ 4,35 bilhões, um crescimento de 11,5% em relação a 2006, segundo pesquisa da MCF Consultoria & Conhecimento e o instituto de pesquisa GfK Indicator. Os números surpreendem ainda mais em algumas capitais. Em São Paulo, neste ano, esse consumo deve aumentar 59%, enquanto no Rio de Janeiro a evolução prevista é de 22%. "A tendência para os próximos anos é que cidades do Norte e Nordeste do país despontem como destinos de investimentos e crescimento", afirma Carlos Ferreirinha, presidente da MCF.

Comparado ao restante do mundo, o mercado brasileiro ainda se encontra em fase inicial. De acordo com dados da pesquisa, países emergentes como China, Rússia e Índia apresentam crescimento quatro vezes superior ao constatado no Brasil. "Esses países têm taxas de crescimento que ultrapassam os 45%", compara Ferreirinha. O executivo, que foi presidente da Louis Vuitton no Brasil, destaca que ainda há espaço para crescimento. "Ainda há marcas importantes internacionais, como a Hermès, que não estão presentes aqui. Mas essas marcas já perceberam o potencial do Brasil e isso pode ser comprovado com reabertura da Prada na Daslu", afirma.

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A ascensão desse grupo de consumidores foi bem percebida pela marca francesa Jaeger-LeCoultre, que pertence ao grupo Richemont o segundo maior conglomerado de luxo do mundo. A marca desembarcou no Brasil em 2002, quando firmou parceria com a joalheria brasileira H.Stern. De lá para cá, já foram lançadas mais de 10 linhas de relógios, que variam de R$ 18,4 mil a R$ 73,5 mil. Só neste ano, a marca trará, até dezembro, 12 novos modelos para os consumidores brasileiros. "Cada relógio da marca leva de três a cinco anos para ser montado. É uma produção exclusiva e limitada, atrelada à tecnologia e à qualidade. Tudo feito à mão", afirma Henri Cantias, diretor da marca para a América Latina, Caribe e Miami.

Nos últimos três anos, o faturamento da marca no Brasil registrou crescimento de 71%. "O Brasil é muito importante para nós, pois é o segundo mercado na América Latina para a Jaeger. Vamos continuar investindo aqui para ficarmos entre as três marcas de relógios mais importantes do mundo. E o Brasil é peça-chave nisso", afirma Cantias.

O que antes era exclusivo a uma pequena parcela da população, agora avançou para outros estratos com a globalização. Para a coordenadora do MBA de gestão de luxo da Fundação Armando Álvares Azevedo (Faap), Sônia Helena dos Santos, esse processo trouxe o prestígio para as massas. "Além disso, a globalização aumentou a competitividade das marcas. Hoje elas não estão mais preocupadas com a fidelidade e sim com o lucro", afirma. Segundo ela, a mudança no processo de produção é outro fator que promove o acesso aos produtos de luxo. "Houve um barateamento na produção por causa da tecnologia. E isso é refletido diretamente no preço final do produto", acrescentou.

O mercado de luxo vai muito além da moda ou de produtos que visam dar visibilidade ou status. São 35 segmentos que vão desde joalherias a carros, aviões, itens de casa e escritório, vinhos e cuidados pessoais. Pode parecer exagero, mas sobra público para esse tipo de consumo no Brasil. De acordo com dados da Receita Federal, há mais de 50 mil pessoas com renda acima de R$ 1 milhão. É esse contingente que ajuda a engordar os cofres das marcas e movimentar bilhões por ano.