O mercado de emissões de títulos privados, como debêntures e as emissões de títulos de longo prazo dos bancos, precisará ser ampliado para fazer frente ao financiamento dos projetos de infraestrutura no País. A avaliação é do superintendente da área de Pesquisa e Acompanhamento Econômico do BNDES, Ernani Teixeira Torres Filho.
Entre 2010 e 2013, o volume de investimentos no Brasil deverá atingir R$ 1,324 trilhão, de acordo com as projeções do banco. A maior parte desse valor será bancado por meio da geração de caixa das próprias empresas, segundo Torres Filho.
"Com o crescimento esperado para a economia nos próximos anos, isso não deve ser problema", avaliou, ao participar hoje de seminário promovido pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
Com relação ao financiamento bancário, o superintendente do BNDES afirmou que hoje há uma disposição dos bancos em se expor mais a financiamentos de longo prazo. Hoje, 22,1% dos créditos concedidos pelas instituições financeiras possuem prazo superior a três anos, segundo o executivo. O problema é que a maior parte desses recursos (71,3%) é proveniente de repasses do BNDES. "Ainda falta no Brasil um mercado de títulos bancários de longo prazo", afirmou, ao destacar que existem iniciativas para se corrigir essa distorção, como a recente criação das letras financeiras.
Torres Filho também destacou a importância do desenvolvimento do mercado de emissão de títulos de renda fixa, como debêntures, pelas empresas. Para ele, as captações hoje estão concentradas em companhias de poucos setores e os papéis emitidos possuem giro e liquidez restritos.
Com relação ao mercado de ações, o superintendente do BNDES afirmou que a demanda esperada por captações por parte das empresas terá condições de ser atendida. Ele alertou, contudo, que a dependência do capital externo nas ofertas públicas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês) não é positiva. "Seria interessante trazer o investidor brasileiro para esse mercado", considerou.
Para ele, os recursos necessários para investimentos que eventualmente não puderem ser atendidos por empréstimos de bancos comerciais e pelo mercado de capitais local deverão passar pelo BNDES ou via captações externas.