Expectativas do mercado para alguns dos principais indicadores vêm piorando. Veja| Foto:

Pela primeira vez em quatro semanas, economistas de mercado elevaram suas estimativas para a taxa básica de juros para 2011. A mudança ocorre após o Banco Central mudar o tom de seu discurso em relação ao combate à inflação, na semana passada, quando indicou que o ciclo de aumento dos juros será mais longo do que o esperado inicialmente.

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Antes da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, no dia 20, esperava-se uma taxa de 12,25%. Na pesquisa Focus feita com economistas nesta semana, as apostas passaram a 12,5%.

Os analistas também aumentaram, pela oitava semana seguida, a previsão para a inflação, de 6,34%, na semana passada, para 6,37%. A meta é de 4,5%, podendo chegar ao limite de 6,5%. Mas alguns especialistas acreditam que as apostas podem perder fôlego nos próximos dois meses, quando espera-se recuo no preços de alimentos e do álcool.

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"O mercado reage muito à inflação [pelo IPCA] de curto prazo, que tem sido alta. Mas, em junho e julho, ela deve perder força, chegando a cerca de 0,15% no mês", diz Alexandre Póvoa, sócio-diretor da Modal Asset Management. Isso não significa, acrescenta ele, que o IPCA deste ano ficará abaixo de 6%, mas trata-se de um movimento importante para calibrar as expectativas de 2012.

Aperto fiscal

Póvoa lembra ainda que existem alguns sinais de que a inflação pode perder força, como o bom resultado fiscal de março, com superávit primário recorde. Em março, a economia do setor público para pagamento de juros foi de R$ 13,6 bilhões que, num fluxo de 12 meses, corresponderam a 3,23% do Produto Interno Bruto (PIB). A meta do governo é equivalente a 3%.

Esse superávit é importante porque mostra que os gastos estão sendo menores e, portanto, menos dinheiro está sendo despejado na economia, tirando parte da pressão sobre a demanda agregada. O discurso do governo tem sido homogêneo neste sentido, de que haverá mais austeridade fiscal e, com os novos números, os agentes econômicos começaram a acreditar que, de fato, os planos estão saindo do papel.

Além de elevar de 12,25% para 12,5% sua expectativa sobre a Selic ao fim de 2011 – hoje ela está em 12% ao ano –, o mercado financeiro também subiu sua projeção para 2012, de 11,75% para 12% ao ano. Quando se olha para o "top 5", grupo das instituições que mais acertam as projeções, as contas sobre a taxa básica de juros foram mantidas em 13% e 12,75% em 2011 e 2012, respectivamente.

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Incertezas

Mais cético sobre o comportamento dos preços, o economista-chefe da Máxima Asset Management, Elson Teles, acredita no cenário em que a deterioração das expectativas pode estancar, mas não que haja reversão nas projeções. Ele argumenta que ainda há muitas incertezas sobre a economia e, assim, calcula que o IPCA neste ano ficará em 6,5% e, no próximo, em 5,5%.

Sobre o PIB, segundo o Focus, o mercado manteve a projeção de crescimento de 4% neste ano e elevou ligeiramente a de 2012, de 4,21% para 4,25%.