Empresas locais
Paranaenses caíram mais que o Ibovespa
As seis empresas paranaenses que têm liquidez na bolsa de São Paulo acumulam quedas neste ano. Apenas uma delas teve perdas inferiores à queda registrada pelo índice Ibovespa (21,14%, até o encerramento do pregão de ontem): a Copel, que caiu 11,95%.
Em momentos de crise, ações do setor elétrico, como a Copel, costumam ser vistas como "defensivas" pelos investidores. Isso porque a maior parte dos seus investimentos já foi feita, e agora cabe a elas apenas a operação do negócio. São também tradicionais pagadores de bons dividendos.
As perdas mais acentuadas foram registradas pela Bematech, cujo valor se reduziu à metade desde o início do ano. A segunda posição cabe à Positivo Informática, que caiu 41%. A empresa, entretanto, teve a alta mais forte no pregão de ontem: 6,78%.
Não são só os investidores que estão preocupados com a queda nos preços das ações. As próprias empresas também estão de olho nos gráficos, e algumas delas estão recomprando seus próprios papéis, com o objetivo de gerar mais valor para os seus acionistas e em aproveitar oportunidades para fazer frente a algumas necessidades próprias. Nos últimos dias, Hypermarcas, Telesp, Gol e MRV Engenharia iniciaram programas do gênereo.
É o caso, também, da paranaense ALL, que divulgou ontem a intenção de ir ao mercado para adquirir 9 milhões de ações, que equivalem a pouco mais de 2% do total em circulação. Segundo o comunicado, o objetivo é fazer frente a obrigações que a empresa terá devido aos planos de opção de compra de ações aqueles em que empregados da empresa em posições de liderança têm incentivo para compra de papéis, como forma de remuneração variável. Ou seja: a empresa aproveita o momento de baixa no mercado para adiantar-se a uma despesa que teria de qualquer forma.
O Paraná Banco também fez opção semelhante. Em junho, a empresa anunciou seu nono programa de recompra de ações. O diretor de Relações Institucionais, Cristiano Malucelli, diz que o objetivo é agradar o acionista. "Há uma distorção entre o preço do mercado e o que a gente acha que a empresa vale", explica Malucelli. Por isso a empresa começou com as recompras, em julho de 2008, pouco mais de um ano após sua estreia no pregão. O Paraná Banco recomprou até agora 22,9 milhões de ações 60% dos papéis colocados à venda em seu IPO , investindo nisso R$ 164 milhões. Em média, o banco pagou R$ 7,16 por ação. Para Malucelli, é um bom negócio para a instituição, já que o valor patrimonial (que é definido pelo patrimônio da empresa dividido pelo total de ações) é de R$ 12. "É como pagar R$ 70 para obter uma nota de R$ 100", diz.
As ações adquiridas são canceladas, sem que haja redução de capital. Com isso, cada ação em circulação corresponde a uma fração ligeiramente maior do capital total da empresa. "Isso faz o preço unitário aumentar", explica Malucelli. Neste ano em que todas as empresas paranaenses com presença no pregão se desvalorizaram, o Paraná Banco teve a segunda menor perda, atrás apenas da Copel (veja box ao lado). Para o diretor, isso é consequência dos programas de recompra e de um meganegócio, a venda de parte da seguradora do grupo à Americana Travelers, por R$ 657 milhões. "Ambos são fatores que puxam o preço para cima", observa Malucelli. Para quem mantém os papéis na carteira, a recompra também significa dividendos um pouco maiores, já que o mesmo valor será dividido por um número menor de ações.
Com as recompras sucessivas, o Paraná Banco tem agora 25,2% de seu capital disponível para negócios na bolsa (parcela chamada de free float no jargão do mercado). O mínimo aceitável é 25%, o que restringe a possibilidade de novos programas do gênero.
Para o analista financeiro Raul Ribas, da Diversinvest, as empresas estão aproveitando o preço. "Algumas fazem isso para entesourar os papéis, outros pretendem diminuir o free float", diz. "Cada uma tem seu objetivo, mas todas se aproveitam do momento de baixa."
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