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Mercado futuro quer Selic menor

A presidente Dilma Rousseff negou que o governo esteja preparando mudanças na poupança | Ueslei Marcelino/Reuters
A presidente Dilma Rousseff negou que o governo esteja preparando mudanças na poupança (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters)

O mercado de juros futuros encerrou o dia de ontem com pequena devolução de prêmios, em um movimento que foi alimentado por notícias e especulações em torno de possíveis alterações nas regras da poupança. Após o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central fazer o que todos esperavam e cortar a Selic para 9%, na quarta-feira, mas não dar sinais sobre o fim do afrouxamento, os investidores passaram a acreditar em mais um corte da taxa básica de juros.

Tais apostas, porém, encontravam limite no rendimento da poupança. Porta-vozes do governo, entretanto, vêm sinalizando que a presidente Dilma Rousseff teria decidido assumir o ônus político de mexer nas regras da caderneta de poupança. Por isso, o mercado se sentiu mais confiante para ampliar as apostas em uma redução mais incisiva da Selic – um movimento que foi freado ao longo do dia, diante de negativas vindas do ministro da Fazenda, Guido Mantega, e da própria presidente Dilma. Além disso parece não haver, dentro do governo, um momento definido para a alteração das regras da poupança.

Taxa de 8,4%

Assim, ao término da negociação normal na BM&F, o DI janeiro de 2013 (582.320 contratos) marcava 8,39%, de 8,42% e após bater na mínima de 8,32% pela manhã. Por enquanto, segundo um economista, a curva embute um corte adicional próximo a 0,40 ponto porcentual para a Selic, mais perto do 0,5 pp. Ontem, as apostas estavam no meio do caminho entre o 0,25 pp e o 0,5 pp. O DI janeiro 2014 (345.895 contratos), por sua vez, apontava 8,89%, de um ajuste a 8,90%. Nas taxas longas, o DI janeiro de 2017 (60.050 contratos) indicava 10,18%, de 10,15% na véspera, enquanto o DI janeiro de 2021 (4.125 contratos) estava em 10,72%, de 10,70% no ajuste.

Como a popularidade da presidente da República está elevada, os agentes de mercado acreditam que ela teria condições de assumir o ônus de alterar o rendimento da poupança. A caderneta oferece remuneração de 6,17% acrescida de Taxa Referencial (TR). Com a Selic cada vez menor, essa modalidade ganha competitividade em relação aos seus concorrentes, principalmente aos fundos de investimentos, uma vez que é isenta de Imposto de Renda.

A preocupação do governo é devida ao fato de os fundos de investimento serem os principais compradores da dívida federal. Uma possibilidade de mudança na poupança seria atrelar seu rendimento a um porcentual da Selic, de forma a manter os fundos atrativos. Em virtude dessas discussões, a agenda de indicadores, que já era fraca, acabou relegada de vez ao segundo plano. Na próxima semana, o mercado deve acompanhar de perto a divulgação do IPCA-15 de abril, o resultado primário do governo, a evolução da taxa de desemprego, bem como a pesquisa Focus, que pode trazer novas projeções para a Selic.

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