Quem vai ganhar dinheiro em 2011? A julgar pelas indicações de analistas e especialistas em investimentos, vão ser as empresas que forem capazes de se beneficiar da melhoria da renda do brasileiro, principalmente as que fabricam ou vendem produtos de consumo. Para tirar uma "casquinha" desse bom momento, há diversas opções de papéis, incluindo ações e ETFs.
O consenso é que as velhas preferidas do brasileiro, ações de companhias como Petrobras e Vale, devem ter um desempenho menos notável em 2011, a exemplo do que já ocorreu no ano passado. Elas são mais influenciadas pelas condições da economia internacional, que, embora tenha dado neste início do mês alguns sinais promissores, ainda é uma incógnita. Por isso o mercado tem buscado de forma mais intensa companhias cujo desempenho está lastreado no mercado local.
"Tudo o que é relacionado com o consumo interno vai bombar em 2011", prevê Raul Gomes Pereira Ribas, especialista em gestão de patrimônio da Diversinvest. Para ele, setores como o de varejo, habitação e até mesmo o setor aéreo têm chances de dar um bom retorno ao investidor. O mercado já vem entendendo isso, e o leque de opções tem se ampliado. Um exemplo é a oferta inicial da Droga Raia, rede de farmácias que lançou suas ações no fim do ano passado. Até então, apenas uma rede do segmento, a Drogasil, tinha ações na bolsa. "São novas possibilidades que surgem, e esse é um setor que é bastante impactado pelo aumento da renda per capita", observa Ribas.
Cadeias de lojas presentes no segmento de vestuário também são atraentes, na visão de Luiz Augusto Pacheco, analista da corretora curitibana Omar Camargo, que cita como exemplo Marisa, Lojas Renner e Hering. Nos últimos 12 meses, os papéis das Lojas Marisa, por exemplo, dobraram de preço. "São papéis que já se valorizaram bastante no ano passado, e que têm um bom caminho pela frente", comenta.
Além delas, os especialistas apontam outras opções, como Ambev e Hypermarcas, empresa que inclui um grande portfolio de marcas de varejo, em áreas como medicamentos (fabrica medicamentos genéricos e de marca, como Rinossoro, Engov e Benegrip), beleza e higiene pessoal (Monange, Risqué, entre outras), alimentos (Etti, adoçantes Zero Cal e Finn) e higiene e limpeza (Assolan, entre outras).
Quem não quiser ficar exposto à variação de uns poucos papéis, no entanto, tem a opção de embarcar nos ETFs que refletem a variação do Iconsumo, o índice de empresas de consumo da BM&FBovespa. As empresas de maior "peso" no índice são Ambev, BRFoods, JBS e Pão de Açúcar. Ao todo, são 27 papéis, emitidos por 26 diferentes empresas. " É uma opção bem menos concentrada", diz André Chede, da Toro Investimentos, empresa de agentes autônomos de investimento. No ano passado, o Iconsumo fechou em alta de 25,5%, contra 1% do Ibovespa.
Construção
Além das empresas ligadas ao consumo, outros segmentos ainda podem despontar em 2011. Um deles é o da construção civil. "Com a nova presidente, existe uma expectativa de que ele deve ser bastante favorecido", comenta Chede. A razão é conjuntural: o Brasil ainda tem um déficit de habitação estimado em pelo menos 7 milhões de moradias, o que deve demandar um grande investimento das empresas privadas e também do governo. A ênfase, nesse caso, deve ser para empreendimentos destinados às camadas populares.
Como o déficit é muito grande, a necessidade de investimentos é de longo prazo. "Os próximos dez anos devem ser excelentes para essas empresas", observa Chede, que sugere ao investidor prestar atenção nos fundamentos da empresa dados econômico-financeiros ligados à atividade da companhia e também relacionados com seus preços na bolsa.
Raul Ribas, da Diversinvest, tem a mesma opinião. "É um movimento que tem tudo para crescer", diz. Ele, entretanto, faz uma objeção: quem entrar nesse investimento esperando que o mercado imobiliário tenha o mesmo desempenho explosivo dos últimos anos vai dar com os burros n'água. "Não é possível replicar o que ocorreu de dois anos para cá", diz.
Renda variável
Mesmo que o investidor não queira focar-se apenas nesses segmentos, Ribas diz que o ano pode ser "interessante" para a renda variável em geral. Isso vai depender, em grande parte, da capacidade de recuperação das economias globais Estados Unidos e Europa, principalmente, já que estes foram os que mais sofreram com as crises dos últimos dois anos.
Como a bolsa brasileira valorizou-se muito pouco no ano passado, é de se esperar que o "apetite" cresça em 2011. O maior impedimento é a inflação, que já é uma sombra sobre o crescimento econômico do país. Para contê-la, o Banco Central deve elevar os juros na reunião do Comitê de Política Monetária que ocorre na semana que vem. Vai ser um banho de água fria em toda a economia nacional.
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