O mercado financeiro avalia que a saída do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, não causará mudanças significativas na política econômica do governo. E, por mais que o dólar, a bolsa e o risco-brasil tenham refletido nesta tarde as incertezas quanto à permanência do ministro, a maior parte dos analistas não acredita em turbulências prolongadas por conta de seu afastamento. A mudança no ministério, segundo o jargão do mercado, já estava "precificada".
- A volatilidade terá vida curta - prevê o economista-chefe do Banco Itaú, Tomas Malaga.
Segundo ele, a situação deve se acalmar assim que o sucessor de Palocci for nomeado. Mesmo que o novo ministro seja um crítico da política econômica desenvolvida até agora, Malaga considera improvável que resolva fazer mudanças no último ano do governo.
- Uma coisa é criticar, outra é fazer - comentou Malaga.
Entre os nomes citados até agora, estão o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Murilo Portugal; o senador Aloizio Mercadante; o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Guido Mantega; e o secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy.
- A racionalidade do discurso do governo e a racionalidade eleitoral devem preservar a economia de mudanças - acrescentou o economista do Itaú.
A economista-chefe do BES Investimento, Sandra Utsumi, tem a mesma opinião e acha que seria "um tiro no pé" fazer alterações após três anos de sacrifício. Ela não arrisca um palpite, mas diz que o êxito do sucessor dependerá de sua força política e da capacidade de lidar com o "fogo amigo". Sandra lembra que uma das maiores adversidades enfrentadas por Palocci foram as críticas recebidas de integrantes do próprio governo.
- Além de ter uma enorme capacidade de gestão e de ter se cercado de uma equipe técnica muito boa, o Palocci sempre demonstrou um Q.I. emocional fantástico. Nunca o vimos elevar o tom da voz - comenta Sandra.
Para Carlos Thadeu de Freitas, economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC) e ex-diretor do Banco Central, a maior lacuna que Palocci deixa é a sua influência política. Freitas também descarta que uma eventual saída do ministro possa provocar mudanças na gestão da política econômica.
- Hoje, a economia brasileira está em uma espécie de piloto-automático. Nada pode mudar, porque existem três pilares muito consolidados, que são: as metas inflacionárias, a Lei de Responsabilidade Fiscal e o regime de câmbio flutuante. O Brasil está muito parecido com os países desenvolvidos em termos de regras. De certa maneira, os ministros estão de mãos atadas e têm que seguir políticas estabelecidas - comenta.
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