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Apego à "dolce vita"

Italianos querem austeridade, mas não pretendem pagar por ela

Agência Estado

Uma pesquisa feita pelo instituto GFK para a Associated Press mostrou que 93% dos italianos acreditam que cortar a enorme dívida pública do país é uma prioridade, mas poucos estão prontos a fazer sacrifícios pessoais para que isso aconteça. Publicada ontem, a pesquisa mostra que apenas 25% dos italianos são a favor de reformas trabalhistas para facilitar a demissão de empregados ou aumentar a idade da aposentadoria de 58 para 67 anos. Essas reformas são consideradas cruciais para cortar o gasto público italiano e alavancar o crescimento da economia.

A pesquisa foi feita nos primeiros dias de governo do primeiro-ministro Mario Monti, levado ao poder após a queda de Silvio Berlusconi e com a missão de reduzir a dívida pública italiana de 1,9 trilhão de euros (US$ 2,6 trilhões). A perda na confiança do governo italiano em pagar suas dívidas forçou Berlusconi a renunciar em 12 de novembro.

Monti chegou ao poder com uma alta taxa de aprovação, mostrou a pesquisa, indicando que 67% dos entrevistados apoiam o novo governo. Apenas 10% são contra e 16% têm uma visão neutra. Monti prometeu reformar o sistema previdenciário, reintroduzir uma taxa imobiliária abolida por Berlusconi, lutar contra a evasão fiscal e criar mais empregos para jovens e mulheres.

Embora a aprovação seja alta, apenas 32% dos italianos têm uma forte confiança de que o governo de Monti – formado por banqueiros, executivos das corporações e professores universitários – conseguirá resolver os problemas da economia. Outros 42% se dizem "modestamente confiantes" de que Monti terá sucesso, enquanto 22% dizem não ter nenhuma confiança de que o economista conseguirá debelar a crise.

A defesa da nota "AAA" (a máxima concedida para títulos da dívida pública) tem sido uma das bandeiras do governo Nicolas Sarkozy, mas, na prática, o mercado já não considera o papel francês entre os mais seguros. O rendimento cobrado pelos investidores para adquirir os papéis franceses com vencimento em dez anos é, em alguns casos, mais do que o dobro do exigido para outros países "AAA".

Ontem, o mercado exigia 3,5% para os títulos da dívida francesa, ante 0,9% da Suíça e 1,7% da Suécia – países que também recebem nota máxima. No caso dos EUA, que ainda mantêm o grau de confiança máxima para duas das três maiores agências de avaliação de risco, o retorno exigido é 2%. A diferença entre o rendimento dos papéis franceses e os alemães (parâmetro de segurança na Europa) chegou na semana passada ao maior patamar desde 1990 e, ainda que tenha recuado, continua alta.

No "termômetro" da agência Moody's, o retorno cobrado da França está mais próximo do exigido por países como Coreia do Sul e China, que estão degraus abaixo na escala de confiança. O aumento dos custos para a França pegar dinheiro emprestado no mercado foi o principal motivo para a Moody's voltar a ameaçar anteontem rebaixar a nota dos títulos da segunda maior economia da zona do euro.

Ainda que não esteja em níveis gregos ou italianos, a dívida pública francesa vem crescendo fortemente, resultado do aumento dos gastos do governo. No fim de 2007, a dívida francesa equivalia a 64% do PIB e chegou, no segundo trimestre deste ano, a 86%. O ministro das Finanças, François Fillon, disse o país já iniciou as reformas da Previdência e que vai cumprir as metas de reduzir o déficit público para 3% do PIB até 2013 e zerá-lo em 2016.

FMI

O Fundo Monetário Interna­­cional (FMI) aprovou duas novas linhas de crédito que podem ajudar os países a lidar com crises econômicas. Um país pode agora tomar empréstimos de até dez vezes o valor de suas contribuições ao FMI para ajudar a pagar suas contas. A nova Linha de Liquidez Preventiva (PLL, na sigla em inglês) poderá ser usada em diversas circunstâncias "incluindo como seguro contra choques futuros e como janela de liquidez de curto prazo" – entre seis meses e dois anos.

O FMI também criou um novo Instrumento de Financiamento Rápido (RFI, na sigla em inglês) "para apoiar uma série ampla de necessidades urgentes do balanço de pagamento, incluindo os de choques exógenos".

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