Na avaliação do mercado, ainda não foi desta vez que o Itaú superou o Bradesco, apesar de ranking do Banco Central ter apontado mudança no topo da lista de maiores bancos privados do país pela primeira vez desde 1998.
Conforme dados disponíveis no site do BC, o Itaú terminou o terceiro trimestre com ativos de 201,3 bilhões de reais, contra os 195,7 bilhões de reais do Bradesco . Mas, segundo analistas, o critério do BC leva em conta apenas os ativos bancários, e não os bens consolidados da instituição financeira.
``O Bradesco ainda é infinitamente maior que o Itaú... O ativo consolidado é o que interessa e o Bradesco ainda está na frente'', disse à Reuters o analista da corretora Ágora, Rafael Quintanilha.
Levantamento preparado pela agência de classificação de risco Austin Rating aponta o Bradesco com ativos consolidados de 243,2 bilhões de reais em setembro, bem acima dos 206,9 bilhões de reais do Itaú.
O ranking do BC não considera, por exemplo, a financeira Finasa dentro do Bradesco, segundo o presidente da Austin, Erivelto Rodrigues.
Segundo ele, é fato que a compra do BankBoston pelo Itaú, anunciada em maio e concluída em agosto, reduziu a diferença para o Bradesco, mas ``ainda há uma grande distância entre as duas instituições''.
``Acho que a superação do Bradesco pelo Itaú se dará apenas se houver uma grande compra do Itaú, caso contrário, organicamente, acho muito difícil'', comentou.
Lista preparada pela consultoria Economática, com base nos balanços dos bancos, também coloca o Bradesco acima do Itaú. As instituições aparecem com 111,9 bilhões de dólares e 95,2 bilhões de dólares em ativos em setembro, respectivamente.
Os dois bancos, ao lado do Banco do Brasil, são os únicos fora dos Estados Unidos que aparecem na relação das 20 maiores instituições financeiras de capital aberto das Américas.
Procurada, a assessoria do Bradesco informou apenas que o ranking do BC usa critérios diferentes em relação às cifras divulgadas nos balanços dos bancos. O Itaú não tinha posicionamento sobre o assunto até a publicação desta notícia.
O BC informou que quando consolida as informações dos bancos ``não leva em conta atividades como seguros e previdência, entre outras, por uma questão de critério'', de acordo com a assessoria de imprensa da autarquia.
RENTABILIDADE
Para o analista da corretora Ágora, o debate em torno do ranking é secundário para os investidores, que estão mais preocupados com a lucratividade das instituições.
Nesse campo, ele acredita que o Itaú vem perdendo terreno, porque historicamente apresentava rentabilidade maior que o Bradesco e isso não acontece mais.
``O Itaú, na verdade, está buscando aumentar a rentabilidade para voltar a ser o principal banco em termos de rentabilidade'', observou Quintanilha.
O retorno do Itaú sobre o patrimônio líquido no terceiro trimestre foi de 31,6 por cento, enquanto o índice no Bradesco ficou em 32,7 por cento no mesmo período.
A Ágora recomenda compra das ações dos dois bancos, porém, aposta mais no Bradesco neste final de ano.
``Acreditamos que o Bradesco, considerando seus canais de distribuição, pode ser mais favorecido pelo aumento do crédito'', disse Quintanilha.