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Reação

Mercado reage mal a possível volta de Lula; dólar sobe e bolsa cai

 | Marcello Casal Jr/Agência Brasil
(Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

O mercado financeiro reage negativamente nesta terça-feira (15) à possibilidade de mudanças na política econômica brasileira – colocadas como exigências do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para assumir um ministério. Há pouco, o dólar à vista subia quase 3,5% no início da tarde, e o Ibovespa recuava mais de 3,6%.

Os juros futuros subiam, assim como o CDS, uma espécie de seguro contra calotes e indicador da percepção de risco do país.

Também contribui para o pessimismo dos investidores o cenário externo desfavorável, com o recuo dos preços das commodities e a piora da perspectiva do banco central do Japão para a economia daquele país.

A moeda americana à vista chegou a subir 3,49%, a R$ 3,7413, e o dólar comercial avançou 2,49%, a R$ 3,7430. Os juros futuros também subiam. O CDS (credit default swaps), que vinha recuando nas últimas sessões e refletem a percepção de risco da economia brasileira, subia 4,75% nesta terça-feira, para 409 pontos, refletindo o aumento da percepção de risco de investidores em relação ao Brasil.

Já o Ibovespa caía 3,66% no início da tarde, aos 47.080,37 pontos. As ações de estatais estavam entre as que mais recuavam: Banco do Brasil ON perdia 15,99%, a R$ 18,65; Petrobras PN recuava 10,13%, a R$ 6,65, e Petrobras ON, -6,49%, a R$ 8,92.

No setor financeiro, além de Banco do Brasil ON, os papéis ordinários da BB Seguridade perdiam 6,62%; Itaú Unibanco PN, -4,90%; Bradesco PN, -5,30%; Santander unit, -2,34%; e BM&FBovespa ON, -3,46%.

As ações PNA da Vale caíam 3,71%, a R$ 9,34, e as ON recuavam 3,05%, a R$ 13,05, reagindo também à queda dos preços do minério de ferro na China. Os papéis do setor siderúrgico também tinham forte baixa: CSN ON (-8,81%); Usiminas PNA (-14,59%) e Gerdau PN (13,25%).

A Gerdau divulgou nesta terça-feira seu balanço do quarto trimestre de 2015, no qual teve prejuízo líquido de R$ 3,17 bilhões, sendo R$ 3,1 bilhões relacionados à queda no valor de ativos.

Para a equipe de análise da Guide Investimentos, o mercado teme o risco de a política econômica sofrer interferência direta do ex-presidente Lula, caso ele venha a se tornar ministro.

“O mercado reage forma negativa às tentativas de reanimar o crédito e usar as reservas internacionais para estimular a economia”, diz a Guide, em relatório. Uma guinada à esquerda na política econômica é uma exigência da cúpula do próprio PT.

Analistas da XP Investimentos avaliam, também em relatório, que, se o ex-presidente Lula assumir um ministério, “o uso de reservas internacionais para abater a dívida pública federal ganha força, mesmo com a presidente Dilma descartando uma guinada na política econômica”.

Os investidores reagem ainda a rumores de que a presidente Dilma Rousseff teria dado aval para o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), iniciar a articulação para votar uma proposta de implantação de um regime semiparlamentarista.

Com a proposta, Dilma teria seus poderes reduzidos, mas se manteria no cargo sem ser afastada definitivamente pelo impeachment. “A sugestão preservaria o mandato da petista como presidente, mas deixaria a administração para um primeiro-ministro”, observam os analistas da XP.

Exterior

Também o cenário externo desfavorável pesava no mercado doméstico. Em Londres, o petróleo Brent recuava 1,57%, a US$ 38,91 o barril; nos EUA, o WTI perdia 2,07%, a US$ 36,41. Além disso, o banco central do Japão afirmou nesta terça-feira que vai manter seu programa de compra de ativos nos níveis atuais, mas deu uma visão mais sombria sobre a terceira maior economia do mundo.

O mercado esperava que o BC japonês anunciasse mais estímulos econômicos, o que não ocorreu.

Com isso, a aversão ao risco predomina nas Bolsas globais. Em Wall Street, o índice Dow Jones perdia 0,17%, o S&P 500 recuava 0,54% e o Nasdaq, -0,51%. O mercado americano repercute ainda a queda nas vendas do varejo no mês passado.

Na Europa, a Bolsa de Londres recuava 0,58%; Paris, -1,02%; Frankfurt, -0,72%; Madri, -1,65%; e Milão, -1,08%.

Na Ásia, as principais Bolsas chinesas se recuperaram de perdas iniciais na sessão e fecharam com leve alta. Porém, no restante da região, as ações recuaram.

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