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Os agentes do mercado financeiro ouvidos pelo Boletim Focus, do Banco Central, preveem que a taxa básica de juros deste ano deve terminar no atual patamar de 10,5%, de acordo com o relatório divulgado na manhã desta segunda (17).
A expectativa pessimista ocorre às vésperas do início das duas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), nesta terça (18) e quarta (19), que devem manter a Selic no atual patamar – e inflar o conflito entre o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Isso porque o governo vinha esperando uma redução da taxa, mas que acabou tendo o ritmo de cortes reduzido na última reunião de apenas 0,25 p.p. contra os sucessivos 0,50 p.p. das reuniões anteriores.
Há um mês, os agentes do mercado financeiro previam que a Selic terminaria o ano a 10%, mas passaram a rever essa projeção apontando para 10,25% na semana passada e a 10,5% nesta segunda (17).
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A expectativa pessimista se dá por conta da disparada das contas públicas e incertezas quanto aos rumos da equipe econômica do governo Lula. Na semana passada, a devolução da medida provisória do PIS/Cofins pelo Senado fez o mercado reagir até que os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) viessem a público afirmar que aceleraram a revisão dos gastos públicos.
A alta da expectativa da Selic nesta semana também refletiu para o próximo ano, agora estimada em 9,5%, ante os 9,25% previstos anteriormente. Essa mudança reflete as expectativas de que o Banco Central manterá uma postura cautelosa diante do cenário de inflação e volatilidade cambial.
Inflação também preocupa o mercado
A pesquisa Focus desta semana também aponta uma alta da expectativa para a inflação, medida pelo IPCA, pela sexta rodada consecutiva. A projeção é de uma alta de 3,96% neste ano, frente aos 3,9% esperados na semana anterior.
Já para 2025, a inflação projetada aumentou ligeiramente de 3,78% para 3,8%. As estimativas para 2026 e 2027 permanecem estáveis em 3,6% e 3,5%, respectivamente.
Estes números se distanciam do centro da meta oficial de inflação, que é de 3% para 2024, 2025 e 2026, com uma margem de tolerância de 1,5 p.p. para mais ou para menos.
Além das revisões nas expectativas de inflação e juros, o mercado ajustou as projeções para o câmbio. Após uma semana marcada por oscilações intensas, a estimativa para o dólar subiu para R$ 5,13 no final deste ano e R$ 5,10 em 2025, comparado aos R$ 5,05 e R$ 5,09 previstos na semana anterior.
Na última sexta-feira, a moeda norte-americana fechou cotada a R$ 5,38, acumulando uma alta semanal de 1,06%, em meio a desconfianças sobre a política econômica do governo Lula e pressões sobre os ativos brasileiros.
Já a expansão do PIB (Produto Interno Bruto) também apontou um ligeiro ajuste para baixo em 2024, de 2,09% para 2,08%. Para 2025, a previsão de crescimento permaneceu inalterada em 2,0%.