Pelo menos três instituições do mercado financeiro alertam seus clientes sobre a chance de que o Banco Central faça – pela primeira vez na história – um corte extraordinário na taxa básica de juros (Selic), talvez ainda nesta segunda-feira (16).
Principal referência para os juros da dívida pública e para os empréstimos concedidos no país, a Selic está hoje em 4,25% ao ano, e já havia a expectativa de redução desse porcentual na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) marcada para terça (17) e quarta (18). Formado por diretores do BC, o colegiado tem como função principal definir os rumos da Selic.
Um corte fora do cronograma seria uma reação à decisão – também extraordinária – do Fed, banco central norte-americano, que no domingo (15) baixou os juros básicos dos EUA em 1 ponto porcentual, para a faixa entre zero e 0,25% ao ano. No início de março, o Fed havia feito outro corte extraordinário, de 0,5 ponto porcentual. Em ambos os casos, o objetivo foi acalmar os ânimos em meio à disseminação do coronavírus pelo mundo.
Antes dessas duas decisões do Fed, consolidava-se no mercado brasileiro a percepção de que o BC local não faria novas reduções na Selic. Era o que o próprio Copom dava a entender. Porém, as medidas dos EUA e a própria a constatação de que os efeitos do coronavírus sobre a economia brasileira podem ser graves mudaram esse panorama.
Em relatório, a XP Investimentos, maior corretora do país, afirmou na noite de domingo alertando sobre essa possibilidade. "Mantemos nossa visão que o BC, ao longo da semana ou na segunda, anunciará um corte de 0,50 ponto percentual junto com outras medidas de estímulo", apontou a corretora.
No início da manhã desta segunda, o economista-chefe do banco UBS no Brasil, Tony Volpon, avisou no Twitter que passou a prever corte imediato de 1 ponto porcentual na Selic, para 3,25%, "que pode ocorrer ainda hoje". Volpon é ex-diretor do Banco Central.
Também pela manhã, Carlos Kawall, diretor do ASA Bank e ex-secretário do Tesouro Nacional, passou a prever corte extraordinário de 1 ponto nesta segunda, segundo o jornalista Fabio Alves, do "Estadão".
Copom já se reuniu 228 vezes. Só três encontros foram extraordinários
Reuniões do Copom fora do cronograma são raríssimas. Desde 1996, o colegiado se reuniu 228 vezes, e só três desses encontros foram extraordinários. Em nenhum deles houve redução na taxa de juros.
No primeiro deles, em 30 de outubro de 1997, o Copom decidiu subir a TBC (Taxa Básica do Banco Central) de 1% para 3,05% ao mês. Na época o mundo enfrentava as consequências da crise financeira asiática.
No segundo, em 10 de setembro de 1998, e meio à crise financeira da Rússia, o Copom decidiu manter a TBC em 19% ao ano. Essa taxa foi extinta em março de 1999.
Na terceira reunião extraordinária da história, em 14 de outubro de 2002, o colegiado elevou a Selic em 3 pontos porcentuais, de 18% para 21% ao ano. Aquele aumento foi uma tentativa de conter a fuga de capitais – e consequente alta do dólar – provocada pela expectativa de eleição do petista Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência.
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