Apesar de a Telecom Italia América Latina e da Claro terem negado um negócio de 8 bilhões de euros envolvendo a venda da TIM no Brasil à operadora controlada pela América Móvil, as ações da TIM Participações encerraram o dia com a maior alta da Bolsa de Valores de São Paulo. Os papéis preferenciais subiram 1,04%, a R$ 7,50, contra queda de 2,02% do Ibovespa. Os ordinários perderam 1,34%, a R$ 11,74.
Para uma analista de mercado que prefere não se identificar, a operação é dada como possível. Ela ressalta que a nova empresa a ser formada terá 48,27% do mercado, o que a coloca em uma situação confortável em relação à concorrência.
Eduardo Roche, do Banco Modal, diz que há indícios para o mercado acreditar que a operação realmente tenha sido concretizada.
- Em termos de estratégia e de apetite para negócios, a Claro seria a candidata mais forte. A Telefónica (espanhola dona de 50% da Vivo, que tem como sócia a Portugal Telecom, com outros 50%), que seria a principal concorrente da Claro na oferta, tem outras prioridades - diz.
A Portugal Telecom vem passando por uma mudança de controle nos últimos anos e esta pode ser uma oportunidade de a Telefónica assumir o controle da Vivo, na visão do analista.
- Além disso, ela fez uma série de aquisições na Europa e América Latina e já estaria em um nível de endividamento razoável. A empresa já teria dito, inclusive, na Espanha, que não pretende fazer novas grandes aquisições nos próximos anos - avalia.
Roche, no entanto, ressalta que o comportamento das ações da empresa vem sendo instável nas últimas semanas.
- As ações da TIM chegaram a sofrer nas últimas semanas também por conta de rumores sobre a aquisição. A empresa tem uma quantia relevante de ações preferenciais (69,67%) e, caso venda seu controle para a Claro, obviamente irá também se desfazer desses papéis. Muito se especulou que América Móvil, em sua oferta, daria um prêmio relevante apenas para as ações ordinárias, comprando as preferenciais a preço de mercado. Com isso, as ações PN caíram muito. Curiosamente hoje elas sobem - observa.
Na última sexta-feira, os papéis preferenciais da empresa recuaram 2,13%. No ano, no entanto, a alta acumulada chega a 28,76%, ficando em 4,73% no mês. Já as ações ordinárias subiram 2,58% na última sexta-feira acumulam ganho de 18,22% no mês e de 96,68% no ano.
Nos cálculos dos analistas Felipe Cunha e Beatriz Battelli, do Banco Brascan, o negócio seria vantajoso apenas para detentores de ações preferenciais. Eles recomendam cautela para donos de ações ordinárias.
Os analistas dividiram o valor da suposta oferta - de 8 bilhões de euros (ou cerca de R$ 22,6 bilhões) pela quantia de ações que estão nas mãos da TIM Brasil (cerca de 70%). O resultado da avaliação total do capital da empresa seria de R$ 32,3 bilhões o que daria, na média, R$ 14 por ação ordinária ou preferencial.
Considerando que as ações ordinárias têm um prêmio de 80% do valor pago pelo controle da empresa, este valor ficaria em R$ 11,20 - inferior ao preço de negociação dos papéis no mercado, atualmente cotados em torno de R$ 11,74.
Já as ações preferenciais, são negociadas em torno de R$ 7,50. Ou seja, ainda teriam espaço para subir.
Os analistas, no entanto, fazem a ressalva de que sua avaliação foi feita sem a distinção de valores entre ações ordinárias e preferenciais, o que raramente irá acontecer na opinião de agentes do mercado.
As ações preferenciais da Telemar chegaram a ter a segunda maior alta do Ibovespa ao longo do dia, mas recuaram logo depois.
A empresa conseguiu adiar na Justiça uma assembléia de acionistas em que seria votada sua reestruturação acionária . Com isso, ganhou mais tempo para tentar reverter uma outra decisão que impede que Previ e BNDES votem.
Originalmente, apenas detentores de papéis preferenciais poderiam participar da votação.
Mas Justiça irá esperar que a Comissão de Valores Mobiliários se pronuncie novamente sobre a autorização para que detendores destes papéis e que tenham também ações ordinárias participem da tomada de decisão.
Os papéis ordinários fecharam em queda de 4,52%, a R$ 66,50. Os preferenciais caíram 1,38%, a R$ 32,01.