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Curitiba – O prejuízo financeiro de momento não é a única preocupação dos pecuaristas de corte no Brasil. O aparecimento da doença compromete um trabalho de pelo menos 10 anos na conquista de novos mercados. Nesse período, o Brasil abriu espaço em 150 países. Mas consumidores com maior poder aquisitivo, como Estados Unidos e Japão, ainda resistem ao produto brasileiro. E agora, com a credibilidade sanitária afetada, o temor do mercado é que essa relação fique ainda mais difícil.

Um exemplo claro está nos Estados Unidos. Os americanos só compram carne cozida do Brasil, num comércio anual de US$ 130 milhões. Nos últimos três anos, no entanto, eles vêm negociando a compra de carne fresca (in natura). O chefe do Departamento de Comércio Exterior da CNA, Antônio Donizeti Beraldo, lembra, inclusive, que varias missões da defesa sanitária daquele país vieram ao Brasil atestar as condições do rebanho e das estruturas de abate dos frigoríficos. "Vamos ter que começar tudo de novo", lamenta Donizeti. O acordo com os Estados Unidos, segundo ele, tinha grandes chances de ser concretizado em 2006.

O mercado americano é considerado estratégico, um cartão de visita para a entrada em outros países, como Japão. É um espaço que concentra uma população de alta renda e consumo. Por outro lado, o Brasil é um país onde a pecuária de corte encontra-se em franca expansão e com potencial para atender parte da crescente demanda mundial. Além de ter área disponível para pastagem, na última década o pecuarista brasileiro melhorou a qualidade do rebanho em padrões genéticos, de qualidade da carne e também sanitários, afirma o técnico da CNA.

Cadeia produtiva

Situações como a verificada em Mato Grosso do Sul expõem ainda mais a fragilidade da cadeia produtiva da carne no Brasil. O exemplo do Paraná, de certa maneira revela uma desorganização do setor, que ainda trata os diferentes elos da cadeia como se fossem estruturas independentes. Produtor, frigorífico e mercado não agem de maneira integrada.

A constatação está no programa Produção Paranaense de Carnes e Leite à base de Pasto, que surgiu da necessidade que o estado tem de explorar todo o potencial produtivo do setor. Rubens Ernesto Niederheitmann, coordenador do trabalho, explica que o objetivo é fortalecer o setor produtivo, que mais organizado teria condições de dar uma resposta mais rápida em situações adversas, como o problema da febre aftosa. "Queremos estabelecer e garantir padrões de qualidade e sanidade ao rebanho paranaense."

É claro que nessa altura tudo é mais complicado, todo mundo sai perdendo, "mas se a cadeias tivesse organizada poderia ser diferente, inclusive em termos sanitários". O programa reúne representantes de órgãos públicos e privados da cadeia produtiva.

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