O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, disse ontem que um acordo entre o bloco e o Mercosul em torno da criação de uma zona de livre comércio só não foi possível até agora porque os quatro países sul-americanos estão "pedindo muito". De acordo com Barroso, a UE está interessada em uma parceria, mas isso só vai ser possível se o Mercosul apresentar uma proposta mais "equilibrada", que atenda a interesses gerais das 27 nações que compõem o bloco europeu e de "algum setor que se sinta mais especialmente afetado", em referência aos agricultores europeus, contrários à iniciativa."A verdade é que o Mercosul está pedindo muito e é evidente que a União Europeia nós somos 27 países tem de recolher os apoios em muitas frentes, em muitos setores", disse ele, durante encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília. Barroso admitiu que as negociações não serão fáceis, mas fez questão de ressaltar que a UE tem interesse no acordo com o Mercosul. Os dois blocos voltaram a negociar a zona de livre comércio em maio. As conversações estavam interrompidas desde 2004, porque os europeus não ofereciam a abertura no mercado agrícola desejada pelos sul-americanos.
Franceses
"O companheiro que mais tem dado trabalho é um grande amigo meu, o presidente [da França, Nicolas Sarkozy]. Eu tenho a responsabilidade de tentar convencer o Sarkozy a flexibilizar o coração dos franceses e a gente fazer um acordo antes de eu terminar a presidência. Seria um avanço extraordinário", disse Lula, que assume a presidência do Mercosul ainda neste mês. Lula disse também que conhece o peso dos agricultores franceses na política do país e classificou como normais as pressões de setores que se sintam prejudicados com o acordo Mercosul-UE. "Você tem de criar alguma compensação para evitar que esse setor possa sucumbir ou desaparecer", completou Lula.