Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia, esteve ontem em Brasília| Foto: Evaristo Sa/AFP

Crítica

Bloco impede acordo bilateral, afirma CNI

A realização de acordos bilaterais brasileiros tem sido ínfima em grande parte por conta da união do país com outras nações do Mercosul, na avaliação do presidente em exercício da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade. "Muito [dessa participação pequena em acordos bilaterais] é porque tem de ser por meio do Mercosul. Isso tem dificultado um pouco os acordos", disse a jornalistas após discursar no 4º Encontro Empresarial Brasil-União Europeia.

Andrade salientou que o bloco americano acaba fortalecendo as negociações, quando elas conseguem sair do papel. "Mas seria mais fácil se estivéssemos sozinhos", comentou. Isso porque, além de divergências com o país em negociação, é preciso tratar primeiro da falta de consenso interno. "Há divergências entre Brasil e Argentina, e com o Paraguai, e com o Uruguai", citou.

O presidente da CNI pontuou ainda o que parece ser o mote do encontro realizado em Brasília: a insatisfação doméstica com o protecionismo de mercado adotado por países desenvolvidos. "Temos enfrentado problemas com outros países, que têm se fechado", disse, salientando que o aumento do número de barreiras tarifárias é o maior exemplo dessa movimentação. "Precisamos discutir isso para abrir mercados para as empresas brasileiras", continuou.

Agência Estado

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O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, disse ontem que um acordo entre o bloco e o Mercosul em torno da criação de uma zona de livre comércio só não foi possível até agora porque os quatro países sul-americanos estão "pedindo muito". De acordo com Barroso, a UE está interessada em uma parceria, mas isso só vai ser possível se o Mercosul apresentar uma proposta mais "equilibrada", que atenda a interesses gerais das 27 nações que compõem o bloco europeu e de "algum setor que se sinta mais especialmente afetado", em referência aos agricultores europeus, contrários à iniciativa."A verdade é que o Mercosul está pedindo muito e é evidente que a União Europeia – nós somos 27 países – tem de recolher os apoios em muitas frentes, em muitos setores", disse ele, durante encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília. Barroso admitiu que as negociações não serão fáceis, mas fez questão de ressaltar que a UE tem interesse no acordo com o Mercosul. Os dois blocos voltaram a negociar a zona de livre comércio em maio. As conversações estavam interrompidas desde 2004, porque os europeus não ofereciam a abertura no mercado agrícola desejada pelos sul-americanos.

Franceses

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"O companheiro que mais tem dado trabalho é um grande amigo meu, o presidente [da França, Nicolas Sarkozy]. Eu tenho a responsabilidade de tentar convencer o Sarkozy a flexibilizar o coração dos franceses e a gente fazer um acordo antes de eu terminar a presidência. Seria um avanço extraordinário", disse Lula, que assume a presidência do Mercosul ainda neste mês. Lula disse também que conhece o peso dos agricultores franceses na política do país e classificou como normais as pressões de setores que se sintam prejudicados com o acordo Mercosul-UE. "Você tem de criar alguma compensação para evitar que esse setor possa sucumbir ou desaparecer", completou Lula.