A chanceler alemã, Angela Merkel, durante discurso no parlamento alemão, nesta quarta-feira (14)| Foto: Tobias Schwarz/Reuters

A chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou nesta quarta-feira (14) que os compromissos adquiridos pelos Estados europeus para uma maior disciplina orçamentária definiram os contornos de uma verdadeira união política, mas admitiu que a saída da crise atual levará anos.

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"As decisões tomadas pelos dirigentes europeus na reunião de sexta-feira passada, em particular a inclusão nos tratados europeus de reforço da disciplina orçamentária, colocaram a Europa no caminho de uma união orçamentária e no sentido de uma união da estabilidade", disse a chanceler em um discurso pronunciado ante o Parlamento (Bundestag), onde esteve presente para defender o acordo realizado com seus sócios europeus.

"A silhueta de uma verdadeira união política começa a aparecer", afirmou. "Contudo, a saída da crise da dívida, que se converteu em uma crise da confiança em toda Europa, é um processo que não durará semanas, nem meses, mas sim anos", completou Merkel.

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A chefe do governo alemão alertou ainda para os perigos de este processo estar acompanhado de reveses em alguns momentos, mas também enfatizou que a Europa "não só superará a crise, mas também sairá mais forte dela".

Merkel voltou a lamentar a decisão de Londres de não aderir ao acordo, mas afirmou que "o Reino Unido continuará sendo um sócio importante da União Europeia no futuro, principalmente em temas como a política exterior, segurança, competitividade e na luta contra as mudanças climáticas".

Cameron descarta negociar acordo

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, por sua vez, descartou nesta quarta-feira a possibilidade de renegociação de um novo tratado com a UE.

Segundo Cameron, ele não se arrepende de ter sido o único dos 27 líderes a vetar um novo tratado destinado a salvar o euro, formalizado na semana passada em Bruxelas.

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Apesar da tentativa de Merkel de ilustrar um cenário de recuperação, as principais Bolsas europeias fecharam a sessão de quarta-feira com perdas entre 1,75% e 3,33%, refletindo a continuidade dos temores de mercado em relação à crise da dívida na Eurozona e às advertências das agências de classificação.

Paris liderou a queda, com -3,33%, seguida de Milão com -2,84%, Londres recuou 2,25%, Madri perdeu 1,75% e Frankfurt caiu 1,72%.

Já o euro era negociado nesta quarta-feira abaixo de 1,30 dólar, o menor valor desde 12 de janeiro, em meio aos temores sobre a ampliação da crise na Eurozona. Às 14H20 GMT (12H20 de Brasília), a moeda europeia era cotada a 1,2971 dólares.

"O euro está sob pressão porque os mercados estão decepcionados com o resultado da reunião europeia, considerada insuficiente para combater a crise fiscal e bancária", disse o economista Neil MacKinnon, do VTB Capital.

Como medida de prevenção à crise, o conselho de ministros alemão anunciou nesta quarta-feira a reativação do fundo de ajuda aos bancos, o SoFFin, criado em 2008 e que pode voltar a ser necessário, uma vez que seis bancos alemães podem precisar de recapitalização.

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O texto de reativação do fundo, dotado de 400 bilhões de euros de garantias e de 80 bilhões de euros em meios de recapitalização, foi aprovado no último conselho de ministros do ano, disse o porta-voz do governo, Steffen Seibert, durante coletiva de imprensa.

O texto deve ser votado agora pela câmara baixa do Parlamento, o Bundestag, e pode entrar em vigor em fevereiro.

A Itália, por sua vez, emitiu nesta quarta-feira bônus por 3 bilhões de euros a cinco anos, com taxas de juros em alta. Os juros subiram a 6,47%, contra 6,29% na última operação similar, em 14 de novembro.

A demanda foi sustentada e chegou a 4,252 bilhões de euros, o que permitiu ao tesouro italiano captar o máximo de dinheiro previsto.

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