A chanceler alemã Angela Merkel pode enfrentar uma derrota no parlamento do país por causa de movimentações que pretendem banir definitivamente a gigante chinesa Huawei como potencial fornecedora de equipamentos para a rede sem fio de quinta geração - o que pode prejudicar as relações entre Alemanha e China.
Um projeto de lei, elaborado por legisladores da coalizão governista de Merkel, quer que as autoridades alemãs possam excluir fornecedores de equipamentos 5G "não confiáveis" das "redes principais e periféricas" do país. A medida pretendida vai além de decisões anteriores, que pretendiam limitar apenas a atuação junto às áreas mais sensíveis de operação.
O projeto de lei em questão diz que as diretrizes de segurança estabelecidas pelo governo de Merkel, que incluem um processo de certificação e uma declaração de confiabilidade, não vão longe o suficiente. Conforme o esboço, os sistemas político e jurídico do país de origem do fornecedor também devem ser levados em consideração - uma alusão direta à China.
O projeto também vai além de uma recomendação do próprio chefe do Serviço Federal de Inteligência alemão, Bruno Kahl. Em outubro, ele afirmou que, embora a Huawei seja muito dependente do Partido Comunista Chinês e "não possa ser [considerada] totalmente confiável, pode haver áreas em que uma participação não precise ser excluída".
Pressão
O esforço na câmara baixa do parlamento alemão é um grande desafio às tentativas de Angela Merkel de equilibrar, de um lado, as preocupações relacionadas à segurança do 5G e, de outro, os delicados laços econômicos da Alemanha com a China. Embora o rascunho da proposta não cite explicitamente a Huawei, ele foi redigido para servir como uma luva à empresa chinesa. Já listada como um risco pelos Estados Unidos (com sanções que vem arrefecendo), a Huawei nega repetidamente as alegações de suposta espionagem e sabotagem.
A proposta pode ser uma dor de cabeça também para as empresas de telecomunicações alemãs. Apesar da defesa dos legisladores de que se deve priorizar as europeias Nokia (da Finlândia) e Ericsson (da Suécia), excluir a Huawei da rede periférica poderia atrasar e encarecer a construção do 5G, confirme alertaram as próprias companhias do país.
Em meio às pressões e debates, a unidade alemã da Telefonica, que opera a segunda maior rede sem fio do país, apareceu na contramão ao anunciar nesta quarta-feira (11) que escolheu Huawei e Nokia para desempenhar um papel igual no fornecimento de sua atualização de rede para o 5G. O governo de Merkel propôs à empresa um compromisso que impõe restrições parciais relacionadas ao acesso direto da fornecedora chinesa ao core do sistema.
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