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Consumo

Mesma rede, preços diferentes

Poder aquisitivo de clientes e custo operacional influenciam na tabulação dos preços de cada loja | Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo
Poder aquisitivo de clientes e custo operacional influenciam na tabulação dos preços de cada loja (Foto: Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo)

Quem frequenta a mesma rede de supermercado pode levar um susto ao entrar em uma unidade diferente da que está acostumado: a diferença de preço entre os estabelecimentos, mesmo que de igual bandeira, pode chegar a 50%. Lojas de mesmo nome, mas endereços diferentes também apresentam diferenças de preço. Basta mudar de bairro para notar. É o que mostra um levantamento feito pela reportagem da Gazeta do Povo em dez supermercados de cinco redes diferentes que atuam na Grande Curitiba, durante essa semana.

Carrefour (Mossunguê e Pinhais), Extra (Alto da XV e Avenida Kennedy), BIG (Xaxim e Jardim Botânico), Condor (Cristo Rei e Avenida Brasília) e Muffato (Tarumã e Portão) foram os estabelecimentos visitados.

O levantamento mostra que em todas as redes havia diferenças entre os supermercados, seja nos preços ou na disponibilidade de produtos. A maior variação, de 50%, foi encontrada no Carrefour, no preço do macarrão, que custava R$ 1,19 no Mossunguê e R$ 1,79 em Pinhais. A menor variação encontrada, de 7,5%, foi verificada no Condor, também no pacote de macarrão: R$ 1,99 no Cristo Rei e R$ 1,85 na Avenida Brasília.

Há diversas razões para explicar essas variações. Entre elas está o poder aquisitivo de cada bairro, o poder de negociação de cada loja e o custo operacional, que pode variar de 12% a 25% do faturamento de cada unidade, segundo o professor do Núcleo de Estudos e Negócios do Varejo da ESPM, Roberto Nascimento Oliveira. "O preço é diferente em todas as regiões do país. Ele é diferente também por causa do comprador: conforme a demanda de cada região, um produto pode ficar mais barato ou mais caro. Além disso, bairros com maior poder aquisitivo tendem a ser mais caros", explica.

O professor de Economia da PUCPR Fabio Tadeu Araújo também considera o perfil do bairro como um dos fatores para originar a mudança de preços. "A empresa pode ter uma margem maior em alguns produtos, porque bairros com poder aquisitivo maior tendem a ter uma sensibilidade menor aos preços", ressalta. Ele pontua ainda o tempo de prateleira e a rotatividade de um produto na loja como motivos para as diferenças.

A disponibilidade do produto na prateleira é uma das variáveis para formular o preço nas etiquetas, explica o gerente comercial do Muffato, Adilson Correa. "Os preços da rede são os mesmos, o que pode acontecer são ofertas localizadas, específicas em determinada loja, adequadas ao perfil do consumidor daquela região da cidade, mas o gerente tem uma autonomia limitada para alterar o preço de alguns itens e atender o perfil do seu consumidor", pondera Correa.

Para conseguir escapar das oscilações, o ideal para o consumidor é conhecer seu perfil de compra e conseguir ter ganhos na média dos preços.

Achar loja com o seu perfil é a solução

Uma das maneiras para se precaver das diferenças de preços entre supermercados é adotar a mesma estratégia das redes na hora de etiquetar os produtos: economizar tirando vantagem do conjunto de itens, para não precisar se deslocar atrás das ofertas. A recomendação é da coordenadora do Laboratório de Orçamento Familiar da UFPR, Ana Paula Mussi Cherobim.

A professora explica que a política de preços dos supermercados dá margem para que as empresas trabalhem com os produtos: aqueles itens com a maior saída em um supermercado têm valor com desconto para servir de chamariz, enquanto outros têm uma elevação para compensar a redução.

"Alguns produtos são mais baratos em diferentes supermercados, mas o consumidor precisa conhecer seu perfil de consumo e saber qual é a loja que oferece o melhor valor em cada ocasião. O que interessa para o consumidor é que o total da compra seja mais vantajoso, não apenas itens aleatórios, a menos que eles sejam de grande demanda da pessoa", explica Ana Paula.

Outra recomendação é ficar de olho na lista de compras e buscar o supermercado que oferece o melhor preço naqueles itens, como produtos de limpeza, higiene pessoal ou perecíveis. A dica também vale para o dia de cada produto. "O consumidor pode aproveitar o dia de promoção de carne, verdura ou leite, e fazer suas compras", ensina.

A principal defesa do consumidor quando o supermercado oferece um item em um valor que extrapola o considerado normal, segundo a professora, é não comprá-lo. "A pessoa pode experimentar outra marca ou se não gosta de outra, simplesmente não comprar. Não é questão de economia ou de não ter dinheiro para levar o produto: é uma questão de posicionamento do consumidor, uma resposta concreta quando o preço está alto", ressalta Ana Paula.

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