O dólar voltou a registrar forte alta ontem, chegando ao patamar de R$ 2,146, o maior em quatro anos. Segundo analistas, a ação do BC que fez duas pesquisas de demanda, sendo uma após o fechamento, e um leilão de swap cambial tradicional no dia visou frear movimentos especulativos, mas ainda é cedo para entender qual seria um eventual novo teto para a divisa norte-americana.
O dólar subiu ontem 1,36% e fechou no maior patamar desde 5 de maio de 2009, quando fechou a R$ 2,149 diante da profunda crise financeira que assolava o mundo naquele momento. No mês, a moeda norte-americana acumulou valorização de 7,04% frente ao real. Segundo a BM&F, o giro ficou em torno de R$ 1,5 bilhão nesta sessão.
"A tendência mundial é de valorização do dólar, só que tudo tem um teto. Então, o mercado está testando", disse o operador de câmbio da Advanced Reginaldo Siaca. Os mercados mundiais estão reagindo à possibilidade de o Federal Reserve, banco central americano, reduzir em breve seu estímulo monetário diante dos sinais de recuperação da maior economia do mundo. Caso tomada, essa decisão limitaria a oferta de dólares nos mercados mundiais, pressionando para cima as cotações da divisa dos Estados Unidos. A avaliação ganhou força com a divulgação de que a confiança do consumidor norte-americano chegou ao maior nível em quase 6 anos.
Pesquisa
Antes de anunciar o leilão de swap cambial tradicional equivalente a uma venda de dólares no mercado futuro no início da tarde, o BC fez pesquisa de demanda para a operação. Foram vendidos 17,6 mil contratos da oferta de até 30 mil. E depois do fechamento do mercado, o BC fez nova pesquisa de demanda de swap tradicional. De acordo com a assessoria de imprensa do BC, ainda não há data nem decisão para realização efetiva do leilão.
A última vez que a autoridade monetária interveio no mercado de câmbio foi no fim de março, quando o dólar se aproximava de R$ 2,03. Após o leilão nesta sessão, o dólar chegou a reduzir parte de seus ganhos, sendo cotado a R$ 2,1189 na venda, mas em seguida voltou a ganhar força.
Analistas destacavam ainda que recentes declarações do ministro da Fazenda, Guido Mantega, colocavam dúvidas sobre possível novo nível de intervenção do BC, uma vez que o ministro disse que o câmbio não será usado como ferramenta de combate à inflação.