O Banco Central tem prometido que vai cumprir o centro da meta de inflação em 2012, mas tanto o discurso como a atual política monetária não têm conseguido derrubar as previsões do mercado de uma forma ampla.

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A diferença entre as duas projeções pode estar no exterior e, embora analistas digam ser cedo para rever expectativas, uma piora da economia global traria algum alívio sobre a inflação brasileira.

Por ora, a maioria dos analistas acredita que o centro da meta só será alcançado em 2013. Ou mesmo depois disso, não descartam alguns, já que os fatores internos de pressão sobre a inflação, sobretudo a demanda, seguem fortes.

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"Só haverá algum desdobramento significativo para (a inflação no) o Brasil no caso de um agravamento mais profundo do quadro global, de uma crise de forte contração de crédito", disse o economista-chefe do SulAmérica Investimentos, Newton Rosa.

Para ele, há a ameaça de uma volta à recessão na economia mundial, o que seria um fator de maior impacto desinflacionário. "Mas ainda não temos esse dado", salientou.

Na semana passada, o presidente do BC, Alexandre Tombini, reiterou algumas vezes que quer levar no ano que vem a inflação a 4,5 pelo IPCA, centro da meta oficial, que tem margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou menos. O mercado vê, segundo a última pesquisa Focus do próprio BC, que o indicador terá alta de 5,27 por cento em 2012.

O cenário internacional piorou muito na noite de sexta-feira, quando a Standard & Poor's rebaixou o rating dos Estados Unidos de "AAA" para "AA+", num movimento inédito. A ação causou pânico nos mercados globais nesta segunda-feira --no Brasil a bolsa paulista chegou a cair mais de 9 por cento e o dólar a subir mais de 2 por cento.

O cenário externo está ainda mais pessimista pelos sinais de arrefecimento da economia norte-americana e preocupações com problemas fiscais na Itália e na Espanha, economias que estão entre as quatro maiores dentro da zona do euro.

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Para a equipe econômica brasileira, a piora no cenário externo, apesar de demandar muita atenção, poderá ter efeitos desinflacionários no mundo e, consequentemente, no Brasil. Assim, poderia ajudar na condução da política monetária e garantir a convergência da meta em 2012.

Os analistas acreditam que o atual ciclo de aperto monetário já acabou em julho. Ou seja, na próxima reunião do Comitê de Política Monetária, no fim de agosto, a Selic será mantida em 12,50 por cento ao ano.

Muitos analistas dizem, no entanto, que apesar de avaliarem que o BC pode já ter encerrado o ciclo de aperto, acham que ele não deveria fazer isso.

"Não quer dizer que (a convergência) não possa acontecer. Pode ter um choque no mundo, de desaceleração, que ajude a inflação aqui, mas você está interrompendo o processo de alta de juro sem ter clareza se isso vai acontecer", disse o economista sênior do Espírito Santo Investment Bank, Flávio Serrano.

Ele, que tem uma previsão de inflação de 4,9 por cento para 2012, estima que em 2013 o centro da meta possa ser alcançado.

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Já o economista-chefe da Austing Rating, Alex Agostini, vê uma taxa de 5,2 por cento no ano que vem, com uma expectativa mais pessimista sobre 2013.

"Você teria que ter uma desaceleração mais acentuada de mercado de trabalho e da renda. Como o governo disse que quer crescer e manter inflação baixa, a gente entende que pode não ser em 2013 o cumprimento."

"A inflação tem mudado de patamar. O BC tem perdido credibilidade. Todo mundo tem dito que ele tem assumido um risco desnecessário", acrescentou Agostini.

Impacto sobre crescimento

Se os agentes econômicos entenderem que o BC pode ser mais leniente com o atingimento do centro da meta, pode haver repercussão negativa para a economia.

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"Você perpetua um prêmio de inflação. O agente não mira mais no 4,5 por cento, ele mira entre 4,5 e 6,5 por cento. O resultado disso a longo prazo é menor crescimento", disse Serrano.

Apesar de no curto prazo inflação menor significar juro maior e, consequentemente, crescimento mais baixo, no longo prazo de uma economia com inflação controlada os juros podem ser mais baixos, avaliam os analistas.

Os economistas argumentam que, com inflação alta ou sem horizonte longo de previsão, há uma maior dificuldade de se investir, sobretudo o setor privado. E sem investimento, a economia não consegue crescer, pois se crescer, gera inflação e o govenro precisa conter a demanda.