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Por mais que a notícia já fosse esperada, a retirada do grau de investimento do Brasil promovida pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s teve forte impacto no mercado de câmbio nesta quinta-feira, 10. A puxada do dólar logo no início do dia acabou por levar a cotação à máxima de R$ 3,905 (+2,82%), o que fez o Banco Central intervir no mercado, por meio da oferta de US$ 1,5 bilhão em dois leilões de linha. A oferta de dólares foi suficiente para abrandar os ânimos e limitar a escalada da moeda norte-americana. Ainda assim, a divisa terminou o dia com alta de 1,69%, aos R$ 3,862, no maior nível desde 23 de outubro de 2002.

A S&P rebaixou ontem o rating soberano do Brasil de BBB- para BB+, mantendo a perspectiva negativa da nota, tirando do País o selo de bom pagador e colocando-o na categoria de grau especulativo. Para a decisão, pesaram principalmente as dificuldades do governo na condução do ajuste fiscal, que ficaram mais explícitas após o anúncio da previsão de déficit de R$ 30,5 bilhões no Orçamento de 2016. Em 2008, a S&P foi a primeira das três principais agências de classificação de risco a elevar o Brasil à categoria grau de investimento.

Apesar do rebaixamento, a diretora-gerente de ratings soberanos da S&P, Lisa Schineller, reconheceu o trabalho de Levy e do Banco Central na busca pelo ajuste fiscal. “Mas o cenário de baixo crescimento torna essa política mais desafiadora”, ressalvou a diretora. Lisa disse ainda que “a política monetária do Brasil é comparativamente forte e um ponto a ser destacado” em relação a outros países com o mesmo rating. Ela ressaltou o esforço do Banco Central em “reancorar as expectativas de inflação”.

Atualmente, as duas outras agências, Moody’s e Fitch, ainda mantêm o Brasil como grau de investimento. A Moody’s não se manifestou sobre o assunto, mas a diretora de ratings soberanos para a América Latina da Fitch, Shelly Shetty, disse que o rating soberano do Brasil está “sob pressão” desde abril, sendo que alguns riscos no País têm piorado. As declarações da diretora da Fitch alimentaram expectativas de que a agência promova alguma mudança no rating brasileiro, mas não chegaram a fazer preço no câmbio.

Já a intervenção do BC foi considerada positiva não apenas pelos montantes ofertados, mas também pela sinalização da autoridade monetária de que está atenta ao mercado, podendo agir em momentos cruciais.

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