A crise parece ter sido um problema que passou longe das páginas da história das Livraria Curitiba. Embora o varejo como um todo tenha presenciado uma queda de 8,79% nas vendas em 2015, a rede paranaense fechou o ano passado no azul. Impulsionada pelos livros de colorir e publicações religiosas, ela viu as vendas crescerem 6% no período, com um faturamento de R$ 304,62 milhões.
Empresa vai abrir duas novas lojas
A razão para esse desempenho que vai na contramão do mercado é uma combinação de estratégia e mudança comportamental do próprio cliente. De acordo com o diretor comercial da companhia, Marcos Pedri, a queda no poder de compra do brasileiro fez com que ele desse mais valor ao livro, optando por ele ao invés de produtos mais caros. E a presença massiva da rede em shoppings ajudou bastante nesse sentido.
“A crise tem sido nossa amiga. O livro é algo barato e, dentro de um shopping, acaba sendo uma das opções mais em conta. Com a verba mais curta, as pessoas pensam mais em termos de utilidade antes de comprar”, aponta. No ano passado, foram 5,7 milhões de livros vendidos em suas 24 lojas.
Carona nos best-sellers
Só que mais do que identificar tendências, as Livrarias Curitiba souberam também tirar proveito delas. O crescimento que a empresa teve em 2015 não foi causado unicamente pelos livros de colorir ou religiosos, mas pelas vendas que acompanharam essas publicações. Segundo Pedri, famílias que não tinham o hábito de ir a livrarias iam em busca desses produtos e quase sempre compravam outros itens, principalmente para os filhos.
Tanto que um dos diferenciais em relação à concorrência apontados pelo diretor foi o destaque dado pela empresa aos livros infantis e os chamados livros-brinquedos. “Importamos 4 milhões de livros da China desde 2011, o que nos permitiu manter os preços baixos. Isso despertou o interesse e representou uma venda muito interessante”, conta o executivo.
Para 2016, a expectativa é que a rede encerre o ano com crescimento de 4% no faturamento, tendo ainda as publicações infantis como carro-chefe, acompanhadas das demais tendências do mercado editorial. E a principal aposta está nos eventos, sobretudo com celebridades de internet.
“Os booktubers estão se preparando para lançar grandes obras e estamos atentos a isso”, conta o diretor. Só no ano passado, o livro da YouTuber Kéfera Buchmann, “Muito mais que cinco minutos”, vendeu mais de 41,2 mil cópias. “Há eventos que reúnem de mil a 4 mil pessoas e isso gera muita mídia social, visibilidade e faz a venda crescer exponencialmente”.
Com investimento de R$ 6 milhões, empresa abre duas novas lojas em 2016
Para ajudar a alcançar a meta de 4% de crescimento para 2016, as Livrarias Curitiba planejam abrir duas novas lojas nos próximos meses. A primeira, em Criciúma (SC), começa a operar já em abril. Já a outra inicia suas operarações em Foz do Iguaçu em junho. Com investimento de R$ 6 milhões, as novas unidades vão empregar 40 funcionários e, juntas, devem adicionar às contas um faturamento mensal de R$ 1 milhão.
As duas unidades seguem a estratégia de se concentrarem em shoppings e vão ter um porte médio. “Elas devem incorporar um público novo. Fizemos um estudo de mercado e o resultado foi bastante positivo”, revela o diretor. Segundo ele, o desempenho das lojas em shoppings é tão bom que não há mais planos de abrir mais pontos em rua.
Além disso, considerado o ponto fraco da marca, o e-commerce da empresa também vai passar por mudanças. “Compramos uma nova plataforma e fizemos um investimento de R$ 400 mil para reforçar as vendas online”, conta Pedri, que aponta que os resultados já estão aparecendo. “Às vezes a gente demora um pouco para aprender e ser efetivo, mas estamos conseguindo crescer bastante”.
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