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Mesmo com venda da Portugal Tel, mercado segue cético sobre oferta da Oi pela TIM

Analistas cogitam que TIM pode fazer oferta pela Oi, movimento contrário ao que tem sido ventilado desde o ano passado | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Analistas cogitam que TIM pode fazer oferta pela Oi, movimento contrário ao que tem sido ventilado desde o ano passado (Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo)

A Oi deve fazer uma oferta de compra da TIM após conseguir aprovação para venda de seus ativos portugueses, apesar do mercado ainda se mostrar cético sobre a real capacidade do grupo brasileiro de realizar a operação, quase cinco meses depois de ter anunciado a contratação do BTG Pactual para desenhar uma proposta pela rival.

O ceticismo do mercado vai além: há quem diga que, no final das contas, todo esse movimento pode levar a uma proposta contrária, da TIM pela Oi. A empresa do grupo Telecom Italia tem um valor de mercado quase sete vezes maior que a Oi, que possui uma oferta de serviços e dimensão geográfica mais ampla que a rival.

A avaliação dos analistas ocorre em um momento em que o presidente do Conselho de Administração da Telecom Italia, Giuseppe Recchi, e o presidente-executivo da companhia italiana, Marco Patuano, planejam vir ao Brasil na próxima semana para avaliar opções para uma oferta, disseram duas fontes próximas dos planos dos executivos.

A venda dos ativos portugueses abre caminho para que a oferta de compra da TIM pela Oi juntamente a Claro e Vivo ocorra "no curto prazo", dependendo apenas de aprovações regulatórias da compra da GVT pela Telefónica, controladora da Vivo, disse uma fonte com conhecimento direto do assunto.

Procuradas, Telefônica Vivo e TIM não comentaram o assunto. Representantes de Claro e Oi não puderam se pronunciar de imediato.

Negociação

A Claro já tinha manifestado publicamente ter sido abordada pela Oi para uma oferta pela TIM. O presidente da empresa, Carlos Zenteno, afirmou em setembro que a empresa foi sondada pelo BTG para uma oferta e disse que a companhia estava aberta a analisar oportunidades de consolidação no mercado.

Caso a oferta de um fatiamento da TIM seja efetivamente realizada, o valor ficará entre R$ 30 bilhões e R$ 40 bilhões, sendo que a Oi deverá arcar com uma fatia maior da proposta, uma vez que tem menor participação no mercado de celular na comparação com Vivo e Claro, segundo analistas.

Para o estrategista da XP Investimentos Célson Plácido mesmo com os cerca de R$ 22 bilhões advindos da venda dos ativos portugueses, a Oi não tem condições de entrar em uma oferta pela TIM, devido à sua alta dívida líquida, que encerrou o terceiro trimestre em cerca de R$ 48 bilhões.

"A empresa não tem caixa, e não consegue comprar ninguém com esse grau de alavancagem", disse Pláxido. "Faria mais sentido ser comprada."

O analista ressaltou que mesmo o aumento da geração de caixa que viria com uma eventual absorção de parte da TIM não seria suficiente para resolver a situação da dívida da Oi.

Ele lembrou que caso a Oi tivesse que arcar com ao menos 60% da oferta pela TIM, esse valor seria de ao menos R$ 18 bilhões, praticamente o montante recebido pela venda da Portugal Telecom, continuando altamente endividada.

O estrategista apontou como único caminho a emissão de ações, o que significaria uma maior penalização dos papéis da empresa, que já acumulam queda de mais de 20% no ano.

Entrave

Um analista de banco de investimento que não quis se identificar segue na mesma linha. "Acredito que a Oi tenha sim interesse de comprar a TIM. Assim como eu tenho interesse de comprar um Boeing", disse ironicamente.

"A aquisição da TIM ou de pedaços dela traria benefícios de sinergia. Só que o problema da Oi é que eles têm amortizações grandes de dívidas", salientou. "Até se beneficiar dessas sinergias, teria problemas de solvência."

O analista declarou que depois do aumento de capital realizado no ano passado, "o mercado está fechado para a Oi", tanto para emissão de ações como de dívidas.

"É mais provável colocar os R$ 22 bilhões no bolso", disse ele, completando que a possibilidade maior é que a empresa realize uma oferta "pro forma" de valor mínimo pela TIM para posteriormente receber uma contraproposta de fusão da empresa controlada pela Telecom Italia.

"É possível que façam oferta pela TIM, que vai ser uma oferta com um preço suficiente para ter credibilidade, mas não o suficiente para a Telecom Italia querer vender", disse o analista. "E com isso pode ser que o Conselho da Telecom Italia se sinta pressionado a fazer contraproposta para comprar a Oi."

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