Brasília Apesar da forte pressão que vem sofrendo para mudar a diretoria do Banco Central (BC), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tende a confirmar o presidente da instituição, Henrique Meirelles, no cargo. A pressão ressurgiu no PT e tem o apoio de pelo menos dois ministros do atual núcleo do poder em Brasília Dilma Rousseff (Casa Civil) e Guido Mantega (Fazenda) , ambos defensores de uma queda mais rápida na taxa de juros.
Nos últimos dias, surgiram rumores de que o deputado Delfim Netto (PMDB-SP), que não conseguiu se reeleger, estaria cotado para substituir Meirelles. O deputado, no entanto, diz que não recebeu, até o momento, nenhum convite ou mesmo sondagem para participar do governo.
O nome do deputado e ex-ministro tem sido lembrado de forma recorrente graças à proximidade que tem hoje com Lula na prática, ele já é um de seus principais conselheiros e ao fato de também ser um crítico da política de juros conduzida pelo BC. A diferença é que, embora critique a lentidão da queda dos juros, ele é favorável e foi forte defensor de um aprofundamento do ajuste fiscal, ao contrário de Mantega e Dilma.
Segundo interlocutores de Lula, Delfim será "consultor" do governo, uma espécie de curinga para várias situações, além de dar aconselhamento econômico.
Um ministro informou que Lula deve confirmar Meirelles no BC e Mantega na Fazenda, mas ainda não teria conversado com os dois sobre o segundo mandato. Um assessor do presidente contou que, no Palácio do Planalto, é dada como certa a confirmação do que se chama internamente de "o quarteto" . Além de Mantega e Meirelles, integram esse grupo os ministros Dilma Rousseff e Paulo Bernardo, do Planejamento.
Na semana passada, Lula deu uma demonstração contundente de que não pretende demitir Meirelles. Informado de que um grupo de deputados do PT, integrantes da Comissão Política do partido, o pressionaria, durante audiência, a mudar o comando do Banco Central, Lula não permitiu sequer que eles apresentassem o pleito, revelado à imprensa um dia antes do encontro no Palácio do Planalto.
Mesmo interessado em manter Meirelles no cargo, a expectativa de Lula é que o presidente do Banco Central fique no cargo, mas promova mudanças na diretoria, sinalizando uma posição menos rígida na condução da política de juros. Existe a crença de que o diretor de Política Econômica do BC, Afonso Bevilaqua, o principal fiador da política monetária, deixará o banco depois de três anos e meio; se isso acontecer, a pressão sobre a instituição tenderá a diminuir.
O movimento contra Meirelles se intensificou nas últimas semanas depois que o próprio presidente passou a fazer concessões na área fiscal. Ficou claro, para a equipe econômica, que Lula optará por promover maior distribuição de renda, mesmo em detrimento da aceleração do crescimento da economia, um dos slogans do segundo mandato.
Com base nessa opção, Lula desistiu de conter ou cortar gastos públicos, especialmente na área social. Assim, restou à Fazenda brigar por uma redução mais rápida dos juros e assegurar um instrumento de estímulo ao crescimento da economia nos próximos anos.
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