As montadoras brasileiras abrem ao público nesta quinta-feira (8) as portas do Salão do Automóvel com foco nos carros elétricos e híbridos e uma leva de novos utilitários-esportivos (SUVs), segmento que mais cresce em vendas no país e no mundo. Apesar do clima de otimismo com a perspectiva de crescimento da economia em 2019 e menos incertezas políticas com a eleição do novo presidente da República, uma preocupação geral ronda os executivos do setor: a aprovação do novo regime automotivo, o Rota 2030, cuja votação na Câmara foi novamente adiada de ontem para hoje.
No fim de outubro, a votação na comissão mista já havia sido adiada por falta de consenso entre os parlamentares sobre emendas colocadas no projeto que prorrogam benefícios para empresas instaladas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, o que desagradou as montadoras do Sul e Sudeste.
Depois do impasse, o texto do Rota 2030 foi aprovado na comissão, mas ainda precisa passar pelo plenário da Câmara dos Deputados e do Senado até o dia 16 de novembro, quando a MP perde a validade. Como dia 15 é feriado e haverá recesso parlamentar, o limite máximo para a aprovação da medida acaba sendo dia 14. O medo do setor é que o novo regime automotivo acabe ficando para 2019, prorrogando o cenário de incerteza para as montadoras.
Após a aprovação na comissão mista, no dia 24 de outubro, a expectativa de que o projeto fosse aprovado nas duas casas entre terça e quinta-feira da última semana, antes do feriado de Finados, na última sexta-feira (2), foi frustrada. A ideia era que o texto final fosse para a sanção do presidente Michel Temer nesta semana, na abertura do Salão do Automóvel de São Paulo, mas o projeto ainda nem passou pela Câmara ainda.
“Quando todos os presidentes (das montadoras) foram juntos a Brasília apresentar o programa ao presidente Michel Temer éramos uma voz única”, diz Silva, da Nissan, acrescentado que agora há uma situação em que há grupos “olhando só para si.”
O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, afirmou nesta terça (6) que o governo deseja ver aprovado o texto original da proposta, sem as modificações sugeridas pelos parlamentares. “O interesse do governo, basicamente se situa no texto original porque entendemos que é o interesse do Brasil todo”, disse. De acordo com ele, mudanças no texto que forem aprovadas pelo Congresso serão analisadas “caso a caso”.
Investimento perdido para outra filial
A BMW do Brasil anunciou na terça-feira (6) um investimento de R$ 125 milhões para produzir na fábrica de Araquari (SC) as novas gerações do sedã Série 3 e do utilitário-esportivo X4. O SUV começa a ser fabricado ainda em dezembro e o sedã, em 2019.
A fábrica de modelos de luxo quase perdeu a produção do Série 3, que teve sua nova geração apresentada no mês passado no Salão de Paris. Inicialmente ela chegará ao Brasil importada da Alemanha e, no segundo semestre do próximo ano, passará a ser nacional.
O presidente da BMW no Brasil, Helder Boavida, afirma que o grupo perdeu outro projeto para outra filial do grupo em razão do atraso na aprovação da nova política industrial do setor, o Rota 2030. Ele não quis dar detalhes do produto e nem do país para onde a produção foi destinada. “O atraso do Rota, que deveria ter sido iniciado no ano passado, teve custos para nossa operação no Brasil”, disse.
O atraso no Rota 2030 preocupa também outras montadoras. “Todos os negócios que desenvolvemos foram feitos com a premissa de aprovação do Rota e, se o programa não sair, teremos de sentar com o acionista novamente para rever planos”, afirmou o presidente da FCA Fiat Chrysler, Antonio Filosa. O grupo tem um plano de investir de R$ 14 bilhões até 2023
O salão dos elétricos e dos SUVs
Anúncios feitos na terça-feira (6) por várias marcas mostram que, de agora até 2021, o país terá, no mínimo, 20 modelos elétricos e híbridos à venda. A Nissan iniciou na terça-feira a pré-venda do elétrico Leaf, por R$ 178,4 mil, e a Renault começa nesta quarta-feira (7) a atender pedidos do Zoe, por R$ 149 mil.
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Também já tem preço definido o Chevrolet Bolt, que chega ao país em 2019 a R$ 175 mil. Também anunciaram vendas de veículos eletrificados a Volkswagen (Golf GTE híbrido), Kia (Soul elétrico e Optima, Niro e Rio híbridos), Audi (e-Tron) e Toyota (Prius híbrido/flex).
A Honda terá três híbridos nos próximos anos (a serem definidos, mas uma possibilidade é o CR-V). A BMW tem um calendário para três modelos elétricos até 2021. Ford, Honda, Hyundai, Caoa e BMW estão com planos prontos, mas aguardam testes de mercado, aceitação do público e a definição do programa Rota 2030 para confirmarem os modelos.
O Brasil está um pouco atrasado, mas o importante é que está aderindo à tendência mundial de eletrificação, com modelos elétricos e híbridos”, diz o presidente da Nissan, Marco Silva.
Ele calcula que, nos próximos quatro anos, 15% das vendas de automóveis no Brasil serão de modelos eletrificados.
O presidente da General Motors Mercosul, Carlos Zarlenga, ressalta que, embora a infraestrutura para recarga dos elétricos seja escassa, “o produto na rua vai criar a necessidade (de desenvolver bases de abastecimento). Por enquanto, todos os produtos “verdes” serão importados, mas o executivo acredita que no máximo em cinco anos haverá produção local.
Nova onda
O lançamento de SUVs também é quase unânime entre as mais de 20 marcas que
participam do salão, que ficará aberto até dia 18 no São Paulo Expo, na capital paulista. Há cerca de 15 novos veículos, entre modelos inéditos, renovação de linha e conceitos a serem lançados futuramente.
Um dos conceitos é o Fiat Fastback, um SUV desenhado no Brasil que dará origem a um utilitário compacto a ser fabricado no País em até dois anos. Será o primeiro veículo dessa categoria da marca italiana a ser produzido localmente como parte de um investimento que a marca fará até 2023.
A Volkswagen também estreia nessa categoria com o T-Cross, que começará a ser produzido no início de 2019 na fábrica de São José dos Pinhas (PR). Outra grande novidade da marca alemã é a apresentação da picape Tarok, veículo global que os brasileiros vão ver em primeira mão.
Pablo Di Si, presidente da Volkswagen América do Sul, diz que o modelo exposto no salão ainda é um conceito, mas já estuda qual das fábricas do grupo poderá produzir a picape de médio porte, segmento em que ainda não atua. As mais cotadas são as unidades de São Bernardo do Campo e Taubaté, já que a filial do Paraná deverá ter boa parte de sua capacidade ocupada com o T-Cross.
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