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Macroeconomia

Meta de inflação pode cair para 3% ao ano

Tombini (à esquerda) e o antecessor Meirelles: perspectiva de juros em alta e vigilância sobre o crédito imobiliário | Fábio Pozzebom/ABr
Tombini (à esquerda) e o antecessor Meirelles: perspectiva de juros em alta e vigilância sobre o crédito imobiliário (Foto: Fábio Pozzebom/ABr)

O novo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, defendeu a redução da meta de inflação do Brasil no futuro. A nova meta deveria estar em níveis semelhantes aos observados nas principais economias emergentes – perto de 3%, segundo ele. O tema foi mencionado em sua cerimônia de posse, e Tombini afirmou também que a autoridade monetária adotará, se necessário, medidas para evitar a formação de bolhas no crédito imobiliário.

Em seu discurso, Tombini afirmou que a política macroeconômica, combinada ao contínuo aperfeiçoamento do marco regulatório do país, criará as condições necessárias para a redução da meta inflacionária, atualmente em 4,5%. "Esse é um processo que devemos ter a ambição de discutir no futuro", afirmou, reforçando argumento já defendido por ele durante sua sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, em dezembro. Ele também voltou a defender a estabilidade de preços como condição essencial para o bom andamento da economia. "Há consenso de que estabilidade só se garante com inflação baixa", afirmou.

O pronunciamento recebeu elogios do presidente da Fe­­deração Brasileira de Bancos (Febraban), Fabio Barbosa. Segundo o executivo, a principal mensagem transmitida pelo novo chefe da autoridade monetária foi de continuidade, com manutenção do regime de metas de inflação. "Percebe-se um alinhamento grande entre as duas gestões. Isso deixa o mercado tranquilo. O regime de metas, que é consagrado, será mantido", disse.

Dilma

A preocupação com o controle da inflação foi externada por Dilma durante seu discurso, no sábado, no Congresso Nacional. A presidente fez questão de frisar que já faz parte da cultura brasileira a convicção de que a inflação desorganiza a economia. "Não permitiremos, sob nenhuma hipótese, que esta praga volte a corroer nosso tecido econômico e a castigar as famílias mais pobres", disse Dilma.

Em sintonia com o Planalto, o novo presidente do BC fez questão de destacar que a estabilidade de preços é um "desafio permanente", cuja maior responsabilidade recai sobre a diretoria do Banco Central. "Conhecemos bem os efeitos nocivos que a inflação alta impõe à economia e, consequentemente, à sociedade, em particular à população de baixa renda que mais sofre", disse. "O compromisso exigido pela presidente, ao me convidar para presidir o Banco Central do Brasil, é que essa instituição busque de forma incansável e intransigente o cumprimento da missão institucional de assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda", acrescentou.

Bolha imobiliária?

Tombini alertou para a importância de o crescimento do crédito imobiliário no país ocorrer sem a formação de bolhas, e afirmou que o BC está pronto para adotar eventuais medidas preventivas se necessário. Ele destacou que a expectativa é de que o crédito pessoal cresça a taxas menores do que as verificadas nos últimos anos e que o crédito imobiliário, cuja participação ainda é pequena em relação ao tamanho da economia, ganhe fôlego.

"É importante que esse crescimento ocorra com qualidade, e não se transforme em uma bolha de crédito como as observadas em outros países, com consequências desastrosas para a economia e para a sociedade", afirmou. "O Banco Central monitora diariamente o desenvolvimento do mercado de crédito. Sempre que necessário, adota e adotará medidas preventivas, de natureza macroprudencial, para corrigir falhas prudenciais e promover o aperfeiçoamento dos intrumentos de regulação existentes."

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