Desenvolvimento
Ministro prioriza guerra cambial
O novo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, afirmou ontem, em discurso de posse, que o primeiro desafio que o Brasil terá de enfrentar em 2011 será o combate à chamada guerra cambial, que prejudica as exportações brasileiras. "Há uma evidente guerra cambial mundialmente aberta, com reflexos na nossa balança comercial e efeitos perversos nas nossas indústrias", afirmou o ministro.
"A presidente [Dilma] está muito preocupada com o impacto da taxa de câmbio sobre as exportações e sobre cadeias produtivas. Mas há que se concentrar em caminhos alternativos como desonerações estudadas nos setores mais sensíveis à taxa de câmbio", disse Pimentel, defendendo que o câmbio deve continuar flutuante. Segundo Pimentel, Dilma pretende discutir o câmbio e as questões de defesa comercial na visita que fará à China. Hoje, a China é o principal alvo de ações de defesa comercial do Brasil.
Segundo Pimentel, as taxas de juros do país ainda não estão em níveis desejáveis, e, para que possa haver redução dos patamares atuais, o governo precisará fazer um esforço de disciplina fiscal. O ministro também criticou os altos tributos cobrados no país. "Devemos reconhecer que há uma carga tributária elevada que impacta a competitividade dos nossos produtos", disse Pimentel.
Pimentel comemorou o resultado recorde de US$ 201,9 bilhões em exportações em 2010, anunciado pelo ex-ministro Miguel Jorge durante cerimônia de transmissão do cargo. "O recorde é uma ótima notícia, mas precisamos exportar mais bens e serviços de alto valor agregado", ponderou Pimentel. Segundo ele, a inovação será um tema transversal que estará presente em todas as ações do ministério. "A competitividade a ser buscada pela indústria é global. Mesmo para se desenvolver no Brasil, é preciso ser competitivo internacionalmente", disse o novo ministro.
Eximbank
Pimentel também afirmou que o governo vai criar o BNDES-Exim ainda no primeiro semestre desse ano. "A ideia [de criar o BNDES-Exim] não está abandonada. Ficou parada no período eleitoral. Mas no primeiro semestre desse ano vai estar operando a pleno vapor", prometeu o novo ministro. O eximbank, como será o BNDES-Exim, é um banco voltado para o financiamento de exportações e a produção voltada para o comércio exterior.
Segundo Pimentel, foi abandonada a ideia de criar uma grande estatal de seguro. Sem essa estatal, o governo está livre para criar um fundo garantidor do eximbank com regras mais simples. O novo ministro disse que o fundo garantidor terá recursos próprios e deve ser operado também pelo BNDES.
Agência Estado e Folhapress
De saída
Para Meirelles, alta da Selic não preocupa
Na cerimônia de troca de comando no Banco Central, coube ao ex-presidente da instituição, Henrique Meirelles, reforçar a expectativa de aumento da taxa básica de juros ainda neste mês. Ao transmitir o cargo para Alexandre Tombini, Meirelles aproveitou para dizer que o BC diagnosticou, nos últimos meses, "riscos não-aceitáveis" na expansão do crédito conjugados com pressões inflacionárias.
"Esse cenário demanda ações prudenciais seguidas de medidas convencionais de política monetária", disse Meirelles, ao se referir às medidas anunciadas em dezembro para reduzir financiamentos ao consumo acima de dois anos e à perspectiva de aumento dos juros.
"Elevações da Selic não devem ser motivo de alarido. A necessidade de subir juros é parte do processo de trabalho do BC. Não deve ser vista com alarde ou como sinal de que algo está errado", afirmou Meirelles.
O Comitê de Política Monetária do BC (Copom) se reúne dentro de duas semanas para decidir se aumenta ou não a taxa básica de juros, que está em 10,75% ao ano desde julho do ano passado. No mercado financeiro, a aposta quase unânime é de alta.
Folhapress
O novo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, defendeu a redução da meta de inflação do Brasil no futuro. A nova meta deveria estar em níveis semelhantes aos observados nas principais economias emergentes perto de 3%, segundo ele. O tema foi mencionado em sua cerimônia de posse, e Tombini afirmou também que a autoridade monetária adotará, se necessário, medidas para evitar a formação de bolhas no crédito imobiliário.
Em seu discurso, Tombini afirmou que a política macroeconômica, combinada ao contínuo aperfeiçoamento do marco regulatório do país, criará as condições necessárias para a redução da meta inflacionária, atualmente em 4,5%. "Esse é um processo que devemos ter a ambição de discutir no futuro", afirmou, reforçando argumento já defendido por ele durante sua sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, em dezembro. Ele também voltou a defender a estabilidade de preços como condição essencial para o bom andamento da economia. "Há consenso de que estabilidade só se garante com inflação baixa", afirmou.
O pronunciamento recebeu elogios do presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Fabio Barbosa. Segundo o executivo, a principal mensagem transmitida pelo novo chefe da autoridade monetária foi de continuidade, com manutenção do regime de metas de inflação. "Percebe-se um alinhamento grande entre as duas gestões. Isso deixa o mercado tranquilo. O regime de metas, que é consagrado, será mantido", disse.
Dilma
A preocupação com o controle da inflação foi externada por Dilma durante seu discurso, no sábado, no Congresso Nacional. A presidente fez questão de frisar que já faz parte da cultura brasileira a convicção de que a inflação desorganiza a economia. "Não permitiremos, sob nenhuma hipótese, que esta praga volte a corroer nosso tecido econômico e a castigar as famílias mais pobres", disse Dilma.
Em sintonia com o Planalto, o novo presidente do BC fez questão de destacar que a estabilidade de preços é um "desafio permanente", cuja maior responsabilidade recai sobre a diretoria do Banco Central. "Conhecemos bem os efeitos nocivos que a inflação alta impõe à economia e, consequentemente, à sociedade, em particular à população de baixa renda que mais sofre", disse. "O compromisso exigido pela presidente, ao me convidar para presidir o Banco Central do Brasil, é que essa instituição busque de forma incansável e intransigente o cumprimento da missão institucional de assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda", acrescentou.
Bolha imobiliária?
Tombini alertou para a importância de o crescimento do crédito imobiliário no país ocorrer sem a formação de bolhas, e afirmou que o BC está pronto para adotar eventuais medidas preventivas se necessário. Ele destacou que a expectativa é de que o crédito pessoal cresça a taxas menores do que as verificadas nos últimos anos e que o crédito imobiliário, cuja participação ainda é pequena em relação ao tamanho da economia, ganhe fôlego.
"É importante que esse crescimento ocorra com qualidade, e não se transforme em uma bolha de crédito como as observadas em outros países, com consequências desastrosas para a economia e para a sociedade", afirmou. "O Banco Central monitora diariamente o desenvolvimento do mercado de crédito. Sempre que necessário, adota e adotará medidas preventivas, de natureza macroprudencial, para corrigir falhas prudenciais e promover o aperfeiçoamento dos intrumentos de regulação existentes."
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