A avaliação dos empresários sobre a situação da economia continuou piorando em março, e a visão geral é de que a atividade já debilitada desacelerou ainda mais no primeiro trimestre deste ano. Com isso, o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) caiu 7,7% ante fevereiro, ao menor nível da pesquisa realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) desde 2011.
Além disso, o indicador migrou pela primeira vez para a zona desfavorável, abaixo de 100 pontos. “A confiança do comércio continua descendo a ladeira sem freio e no escuro”, sintetizou o economista da CNC Fabio Bentes.
Confiança de serviços desaba 12,1% em março e renova menor nível histórico
O Índice de Confiança de Serviços (ICS) recuou 12,1% em março sobre o mês anterior e voltou a renovar o menor nível da série iniciada em junho de 2008, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta quarta-feira (1)
Leia a matéria completaAlém da atividade, o emprego no setor também deve ter deterioração. Segundo a CNC, 51,3% dos empresários do comércio planejam demitir nos próximos meses. “Não vislumbramos geração de vagas no comércio este ano”, afirmou o economista. A entidade ainda trabalha com um saldo nulo, mas a perspectiva ainda pode piorar. “Obviamente não se pode descartar queda nas contratações”, disse.
Revisão
Diante do quadro, a entidade já prevê uma nova revisão de sua estimativa para as vendas no varejo restrito (sem veículos e material de construção). Hoje em 1%, essa projeção deve ficar menor quando saírem os dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do IBGE, referentes a fevereiro.
“Existe a possibilidade de termos um resultado negativo este ano. Vai depender de quão longa será a recessão na atividade. Quanto maior ela for, maiores as chances de haver uma queda nas vendas”, afirmou Bentes.
A principal pedra no caminho dos comerciantes é o próprio ritmo da economia. Em março, 86,3% dos empresários apontaram piora no ambiente econômico. Há ainda insatisfação com o mau momento do setor, citada por três a cada quatro entrevistados. Aumento dos juros, acesso ao crédito mais difícil, inflação elevada, comprometimento da renda das famílias e saldo cada vez menor de geração de vagas no país contribuem para achatar a demanda por bens.
O índice de expectativas, que seria o primeiro a reagir em um cenário de melhora na confiança, continua mergulhando. Em março, registrou a sexta queda consecutiva. “O cenário de deterioração ainda é esperado para os próximos meses”, disse Bentes.
Desde o segundo trimestre de 2014, o comércio vem tendo o pior desempenho entre todas as atividades no Produto Interno Bruto (PIB) na comparação com igual período do ano anterior. A deterioração do início deste ano, porém, deve trazer resultados igualmente ruins para o primeiro trimestre, avaliou Bentes.
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