Os metalúrgicos de montadoras de Curitiba e região que ameaçavam entrar em greve nesta terça-feira (18) decidiram dar um prazo de 48 horas para que as montadoras apresentem uma nova proposta para a categoria. Do contrário, deve ser deflagrada greve por tempo indeterminado a partir de quinta-feira (20). Os protestos, porém, já acontecem com períodos de paralisação nas trocas de turnos.
A decisão pelo prazo foi tomada nas primeiras horas da manhã, quando o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC) realizou assembléias com os trabalhadores das montadoras Volks-Audi e Renault-Nissan (às 5h30) e Volvo (às 7h30). Os metalúrgicos reivindicam um aumento de 8,5% nos salários, além de abono. Os metalúrgicos de montadoras somam 11 mil. Ao todo, são 60 mil metalúrgicos em Curitiba e região.
"Queremos que os patrões apresentem avanços para os trabalhadores, de acordo com a produção e lucros que estão tendo", afirmou o presidente do SMC, Sérgio Butka. Apesar de não ter sido dado início a uma greve nesta terça-feira, os metalúrgicos da Volks-Audi e Renault-Nissan realizaram uma paralisação de três horas (das 6h às 9h).
Na Volvo, a paralisação começou às 8h e se estendeu até as 11h. "Queremos continuar na mobilização nas trocas de turno de hoje (terça-feira) e amanhã (quarta-feira)", disse o secretário-geral do sindicato, Clementino Vieira. Com esta paralisação, a Renault deixa de produzir 240 carros e a Volvo 30 caminhões e três ônibus.
Negociações
Segundo o SMC, o Sinfavea que representa as montadoras propôs na segunda-feira (17) um aumento salarial de 7,44% em janeiro de 2008 mais R$ 1,5 mil de abono a ser pago em 5 de outubro. Desta forma, o piso da categoria passaria dos atuais R$ 1.087 para R$ 1.168 no ano que vem. A proposta é inferior à reivindicada pelos trabalhadores, de 8,5% de aumento em setembro e R$ 800 de abono a serem pagos em 5 de outubro. Outra opção seria os mesmos 8,5% para janeiro, com R$ 2 mil de abono para 5 de outubro. A data-base da categoria é 1.º de setembro.
De acordo com a Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), de janeiro a agosto deste ano foram vendidos 1,53 milhões de automóveis, 27,3% a mais que no ano passado. Na quinta-feira (13) passada, os metalúrgicos protestaram com uma paralisação de uma hora nas três montadoras. Na sexta (14), houve outra interrupção na produção por mais uma hora na Renault/Nissan e na Volkswagen. Estima-se que, nos dois dias, a Volks tenha deixado de produzir 100 carros, a Renault, 80, e a Volvo, quatro caminhões e um ônibus.