Um grupo de funcionários e ex-funcionários da metalúrgica Camfer está acampado em frente à sede da companhia, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), desde a manhã de segunda-feira (18), em protesto contra o fechamento da empresa. De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC), a Camfer teria fechado as portas na última quarta-feira (13), sem decretar falência, romper contratos com clientes ou demitir trabalhadores. Cerca de 100 pessoas teriam sido prejudicadas, segundo o SMC.
Osvaldo da Silva Silveira, diretor administrativo do sindicato, conta que desde março a empresa tem sido alvo de protestos dos trabalhadores. "Temos registros de aproximadamente 70 funcionários que foram demitidos nesse período e que não receberam verba rescisória, nem o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), que não era recolhido pela empresa", afirma. "Depois das primeiras denúncias a diretoria se comprometeu a fazer os pagamentos, mas descumpriu o acordo", diz.
Fundada em 1984, a Camfer trabalha com usinagem e produz peças para máquinas agrícolas. Na última quarta-feira (13), segundo Silveira, trabalhadores que chegaram à Camfer encontraram as portas fechadas. "Os metalúrgicos receberam a orientação de voltar para casa e aguardar até a segunda-feira, quando a empresa voltaria a funcionar", afirma. "Mas desde a segunda-feira ninguém da administração aparece".
O sindicalista diz que no último fim de semana, diretores da empresa estiveram na fábrica para recolher computadores e outros equipamentos. "Agora estamos fazendo um acampamento para que eles não possam pegar nada de valor sem ter de passar pelos funcionários", diz.
Segundo ele, os manifestantes ficarão no local até que haja um acordo com a empresa. Uma audiência entre metalúrgicos e representantes da Camfer está marcada para as 13h15 desta terça-feira (19) na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Paraná (SRTE), em Curitiba.
A reportagem tentou entrar em contato por telefone com a Camfer, mas ninguém atendeu as ligações durante a manhã. O Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Estado do Paraná (Sindimetal-PR) também foi procurado e informou, por meio da assessoria de imprensa, que a entidade não comentaria o caso porque não estava a par da situação.
Clientes
Um dos principais clientes da Camfer é a Case New Holland, fabricante de máquinas agrícolas e para construção civil. Ricardo Ribeiro, diretor de compras da multinacional, conta que a empresa tem enfrentado dificuldades desde a semana passada por conta do fechamento da Camfer. "Entregávamos peças para eles, que faziam serviços como torneamento ou denteamento dos metais", relata. "Depois que interromperam a produção, sequer devolveram nossas peças", diz.
Ribeiro diz que não houve aviso prévio do fechamento da Camfer e que a New Holland foi avisada apenas verbalmente da decisão, na segunda-feira da semana passada (11). "Fui pego totalmente de surpresa. Para suprir o material que faltava, nos últimos dias tivemos de importar peças, por via aérea, da Itália", afirma. Segundo ele, desde a semana passada a New Holland tenta entrar em contato com a Camfer para solicitar a devolução do material que está retido, mas não há resposta. Ele afirma que, por enquanto, não tem a intenção de buscar a Justiça para exigir a recuperação das peças.