Por trás de uma decisão tomada na segunda-feira (3) pelos acionistas da Via Varejo em assembleia, está a abertura de uma porta para que o empresário Michael Klein, da família de fundadores da Casas Bahia, se torne o controlador da Via Varejo, rede hoje controlada pelo Grupo Pão de Açúcar (GPA) e que inclui as redes Casas Bahia e Ponto Frio. Apesar de supostamente ainda haver outros grupos no páreo, fontes ligadas às negociações dizem que Klein é atualmente o principal candidato a ficar com o ativo.
O negócio, que está sendo oferecido a grupos locais e internacionais há dois anos, deve ganhar tração nas próximas semanas graças à retirada da cláusula de "poison pill" do estatuto social da Via Varejo, após assembleia de acionistas. A "pílula do veneno" obrigaria que qualquer compra de 20% ou mais das ações deveria ser estendida aos demais acionistas, via oferta pública de ações (OPA). Segundo uma fonte, o empresário não teria interesse em seguir por esse caminho, e sim em fazer uma aquisição privada.
As negociações para a venda da Via Varejo voltaram a ganhar força após a controladora do Grupo Casino (dona do GPA e, por meio desta, da Via Varejo) pedir proteção à Justiça francesa para negociar dívidas. Klein, apurou o Estadão, busca parcerias com fundos de investimento para conseguir comprar a varejista de eletrodomésticos. A família Klein é a segunda maior acionista da empresa, com 25,4%, ante 36,3% do GPA.
Procurado, Klein não respondeu aos contatos da reportagem.
Embora circulem notícias de outros possíveis interessados na Via Varejo – como a empresa de investimentos Starboard, especializada em ativos em dificuldades e que atualmente reestrutura a Máquina de Vendas, dona da Ricardo Eletro – e a Lojas Americanas, Klein corre como franco favorito na operação. A Lojas Americanas negou na segunda (3) rumor de que esteja comprando a Via Varejo. Uma fonte classificou a chance de um acordo com a Starboard como "pequena".
Na esteira dos rumores relativos à Lojas Americanas e da expectativa com a venda, a Via Varejo teve um dia positivo na Bolsa paulista na segunda (3), fechando em alta de 5,53%, cotada a R$ 4,96. O valor de mercado da companhia subiu a R$ 6,3 bilhões. Nesta terça (4), os papeis seguem em alta de 2,42%, cotados a R$ 5,08.
A negociação privada com Klein interessa ao Grupo Pão de Açúcar, pois abre a possibilidade de que a companhia receba um "extra" em relação a seu valor de mercado atual. Hoje, o GPA vive dois cenérios opostos: o sucesso de supermercados versus a queda dos lucros da Via Varejo, seu braço de vendas on-line de eletros.