A crise financeira internacional intensificou a decadência das Três Grandes montadoras americanas (General Motors, Ford e Chrysler), consequência em grande parte da desastrosa administração empreendida há pelo menos dez anos pelas empresas. O resultado disso é o aumento do desemprego e da pobreza em Michigan, no estado de Detroit, berço da indústria automobilística dos Estados Unidos. Segundo reportagem de José Meirelles Passos publicada na edição deste domingo do jornal O GLOBO, meio milhão de empregos foram perdidos desde junho de 2000 nessa região.
Só de janeiro a outubro deste ano, cem mil americanos perderam o trabalho na indústria automobilística dos Estados Unidos. Em Michigan, a crise é mais grave e vem se alastrando para as áreas de autopeças, pneus, plástico, vidro, aço e ferro, e o comércio em geral. Na última quinta-feira foi divulgado que o desemprego em Michigan atingiu 9,3%, contra uma taxa nacional de 6,5%. É o maior dos últimos 16 anos.
Não é à toa, portanto, que Detroit é o estado americano que menos atrai novos moradores. É o último dos 50 nesse ranking. Sua produção mais constante tem sido a do êxodo de mão-de-obra. Além disso, muitas pessoas que permanecem em Michigan, às vezes pelo simples fato de não terem recursos para sair, se transformam em homeless (sem-teto). Há 80 mil dessas pessoas no estado. As vagas em abrigos são insuficientes para atender à crescente demanda.
GM e Chrysler podem não chegar ao fim do ano
As perspectivas de más notícias em breve são grandes. A tendência é a de que GM, Ford e Chrysler venham a anunciar pelo menos mais uma nova leva de demissões na primeira semana de dezembro. Uma das conclusões iniciais dessas corporações é a de que a única maneira para sobreviverem à crise será através da redução de suas operações. Das três, a Ford é a que tem melhores condições de se manter viável, graças a medidas preventivas tomadas ao longo dos últimos dois ou três anos. Já a GM e a Chrysler afirmam só ter dinheiro para funcionar até dezembro.
As três esperam um socorro do governo americano que está difícil de conseguir. Após terem falhado em convencer o Congresso dos EUA em dois dias de audiências, para que lhes concedesse ajuda de emergência de US$ 25 bilhões, os presidentes das três montadoras voltaram a Detroit quinta-feira em busca de um plano B. Para liberar o socorro, os parlamentares americanos exigiram um plano detalhado das montadoras, explicando como usariam o dinheiro.
Ford e Chrysler ainda não se manifestaram. A GM acenou sexta-feira com a intenção de fechar mais unidades de produção (as três já fecharam 35 nos últimos três anos), para sua capacidade de produção se tornar mais condizente com suas vendas.
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