Na tentativa de tirar o país da recessão, a equipe econômica usará o BNDES para financiar o capital de giro de pequenas e microempresas. A proposta do governo é que esses empréstimos sejam corrigidos pela Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), que é de 7% ao ano — bem menor do que a taxa média de juro de capital de giro, que chegou a 25,7% em novembro — e tenham o aval de um fundo de R$ 600 milhões mantido pelo Sebrae. Essa reserva de segurança poderia garantir até R$ 7,2 bilhões de crédito.

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A ideia deverá ser incluída no pacote que será anunciado no mês que vem para estimular a economia, que também terá uma ampliação do cartão BNDES e medidas de estímulo à exportação.

Esta semana, o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, o presidente do banco de desenvolvimento, Luciano Coutinho, e o presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos, discutirão o assunto em Brasília.

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Desde o início do ano, Afif pede a Barbosa e ao presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, benefícios para capital de giro. A ideia era direcionar os depósitos compulsórios (parte do dinheiro depositado nos bancos que deve ser deixada parada no BC) para financiar o fluxo de caixa dos pequenos empresários e assim diminuir a taxa média de 4% ao mês, cobrada atualmente.

No entanto, Barbosa sugeriu a Afif fazer o estímulo de outra forma. Na quarta-feira da semana passada, os dois conversaram e o ministro explicitou a ideia de usar o BNDES. A sugestão foi apoiada na hora pelo presidente do Sebrae.

“O que queremos mesmo é fazer um crédito pulverizado para pequenas e microempresas”, ressaltou Afif.

Ele ainda contou que o governo quer estimular a expansão do cartão BNDES para os menores negócios. De acordo com o presidente do Sebrae, os bancos repassadores têm represado os recursos desse cartão, que serve para financiar investimentos e expansão das pequenas empresas.

Também são gestadas medidas para estimular as exportações. Elas foram discutidas na quinta-feira numa reunião dos ministros da Casa Civil, Jaques Wagner, e do Desenvolvimento, Armando Monteiro. As propostas criam mecanismos de crédito para as vendas ao exterior e também desburocratizam o comércio do Brasil com outros países.

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As medidas que serão anunciadas no mês que vem também devem incluir o uso de bancos públicos e do FGTS em linhas de crédito para a construção civil. O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), José Carlos Martins, aprova a iniciativa do governo para expandir o crédito habitacional. “Somos o único segmento que ainda está andando bem. Tanto que no ano passado, mesmo em ano de recessão, o volume de financiamentos com recursos do FGTS cresceu 18% em relação a 2014. Sempre que podemos usar crédito sem onerar o Tesouro é uma forma de ter mais crescimento. Com certeza, existe demanda.”

Crédito

Sobre o impacto que um maior volume de crédito terá sobre a geração de empregos, Martins diz que a tendência é que alivie as demissões no setor, que em 2015 foi o segundo que mais demitiu no país até novembro. “Com mais volume de recursos, o desemprego vai diminuir. Ano passado o setor foi muito prejudicado pelo atraso no pagamento de obras públicas pelo governo e pela recessão que inibiu investimentos.”

O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Rio (Sinduscon-Rio), Roberto Kauffmann, também acredita que a liberação de mais crédito para a habitação beneficiará o setor. “É uma medida excelente porque vai alavancar a construção civil, setor que emprega muito e para atender a população de média e baixa renda, que busca comprar a casa própria. A demanda potencial é muito grande.”