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Ritmo de contratações nas grandes empresas desacelerou após 2010

Os dados do Caged mostram uma forte desaceleração no ritmo de crescimento dos postos de trabalho formais depois de 2010 – ano marcado por forte crescimento econômico no período pós-crise. De lá para cá, as grandes empresas diminuíram o ritmo de contratações.

No Paraná, as empresas com mais de 100 funcionários geraram 27 mil postos de trabalho em 2010, número que caiu para 17,1 mil em 2011, 3,3 mil em 2012 e 2,6 mil no ano passado. "Com exceção de 2010, que foi um ano atípico, nos anos subsequentes o país tem crescido pouco. A consequência disso é um ritmo menor de geração de empregos", avalia o economista José Márcio Camargo, da PUC-RJ.

No Brasil, o fechamento dos postos de trabalho nos últimos cinco anos foi mais distribuído entre empresas, segundo o Caged. Com exceção dos pequenos negócios com até quatro funcionários – que abriram 1,1 milhão de vagas –, todas as demais empresas encerraram 2013 com saldo negativo.

O número de vagas fechadas no ano passado aumentou em relação a 2012: 26,7% nas empresas com cinco a 99 funcionários; 23,2% nas empresas com 100 a 499 empregados; e quase 900% nas empresas com 500 a 1.000 funcionários ou mais. Na soma dos últimos cinco anos, apenas as empresas com cinco a 99 funcionários tiveram resultado negativo, com o fechamento de 430 mil postos de trabalho.

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Movimentação

Os dados do Caged, que calculam a diferença entre admissões e demissões, não dizem respeito ao universo de todas as empresas, mas apenas àquelas nas quais houve contrações ou demissões. Apesar disso, especialistas afirmam que são raras as empresas que não contratam ou demitem profissionais ao longo de um ano.

Tamanhos

De acordo com a classificação do Sebrae, são consideradas micro e pequenas as empresas da indústria, construção civil e extrativa mineral que mantêm até 99 empregados, e os empreendimentos do comércio, serviços, agropecuária e serviços industriais de utilidade pública com até 49 funcionários.

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As micro e pequenas empresas (MPEs) sempre estiveram à frente da geração de empregos no país, e esse fenômeno está se acentuando. Nos últimos cinco anos, apenas os pequenos negócios, com até quatro funcionários, registraram saldo positivo na abertura de novas vagas. No Paraná, elas criaram 461 mil postos de trabalho criados no período – uma média de 92 mil vagas por ano, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego.

INFOGRÁFICO: Veja o saldo de vagas no mercado

Na contramão, empreendimentos que têm entre cinco e 99 funcionários estão fechando postos de trabalho – foram quase 14 mil só no ano passado. Entre 2009 e 2013, esse número chega a quase 37 mil vagas. A única exceção foi o ano de 2010, quando esse grupo de empresas gerou 15.770 empregos, refletindo o forte crescimento econômico daquele ano.

Por isso, são os negócios com até quatro funcionários que têm ajudado a deixar no azul a conta total da geração de postos de trabalho no Paraná. Em 2013, essas empresas criaram quase 90 mil empregos formais no estado e ajudaram a deixar o saldo da criação de vagas no estado positivo, com 78.507 novos postos de trabalho.

Para especialistas, não há uma explicação aparente para o fechamento de postos de trabalho no grupo específico de empresas com cinco a 99 funcionários. "Como o desemprego tem caído sistematicamente, parte desse saldo negativo talvez seja explicado pelo desempenho dos setores na economia e pela alta rotatividade de funcionários, com as empresas contratando nos momentos de maior crescimento e demitindo nos momentos em que a demanda enfraquece", avalia Amilton José Moretto, do Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho (Cesit) da Unicamp.

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Formalização

O aumento da criação de vagas pelos pequenos negócios está associado à crescente formalização desse grupo por meio de programas como o Simples Nacional e o Microempreendedor Indivi­dual (MEI), que permite aos microempreendedores com rendimento anual de até R$ 60 mil por ano que contratem um empregado.

Na análise do economista José Márcio Camargo, do Departamento de Economia da PUC-Rio, essa distância tão grande entre uma faixa e outra tem mais a ver com a formalização do microempreendimento que com a criação de novas vagas. "Pelo porte, as empresas com até quatro funcionários tendem a estar concentradas no setor de serviços, que vem crescendo muito nos últimos anos. Esse grupo também concentra a maior parte dos trabalhadores informais do país", ressalta.

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