A Microsoft decidiu ajudar a Justiça a lutar contra os criminosos virtuais que roubam dados financeiros e bancários na internet - os chamados phishers - e deu início a 129 processos judiciais contra suspeitos na Europa e no Oriente Médio, informou a fabricante americana de softwares.
Uma corte da Turquia já condenou a dois anos e meio de prisão um famoso criador de phishing - armadilhas virtuais que acionam programas de roubo de senhas e dados financeiros - e outros quatro casos em andamento contra adolescentes já resultaram em acordos extrajudiciais, disse a Microsoft nesta quarta-feira.
Dos 129 processos já acionados, 97 são ações criminais para os quais a Microsoft e outras companhias de softwares oferecem informações. O anúncio, realizado durante uma Conferência de Crimes Digitais da União Européia, em Bruxelas, foi feito oito meses depois de a companhia dar início à Global Phishing Enforcement Initiative, campanha mundial de combate ao roubo digital de dados.
- Às vezes movemos nossos próprios processos judiciais, mas o mais importante é trabalhar em conjunto com as autoridades - disse Nancy Anderson, conselheiro judicial da companhia.
Os "phishers" enviam e-mails falsos se passando por instituições financeiras ou entidades fiscais governamentais, pedindo que os clientes confirmem dados financeiros, como o número da conta ou a senha do cartão.
A prática do "phishing" - tentativa de enganar cidadãos virtuais para que entreguem dados financeiros - cresceu vertiginosamente nos últimos anos, chegando a 157 mil ações no primeiro semestre de 2006 - quase o dobro do mesmo período de 2005 - segundo dados de um relatório recente da fabricante de softwares de segurança Symantec. Os danos causados por "phishers" - criadores de programas de roubo de dados - devem chegar a US$ 2,8 bilhões em 2006, de acordo com estimativas da empresa de pesquisas Gartner.
- Como em muitos casos de fraude, eles apostam na fé das pessoas - afirmou Anderson.
Em geral os programas maliciosos que roubam os dados são acionados, sem o conhecimento do usuário, a partir de um clique em um link de uma mensagem ou em um site falso, muito semelhante ao da empresa ou entidade mencionada.
Enquanto as queixas criminais da Microsoft visam a inibir criminosos reais, os processos civis tem demonstrado que os autores são em geral jovens sem intenção de praticar crimes. Para eles têm sido definidas multas e acordos extrajudiciais que variam de mil a dois mil euros (entre US$ 1.300 e US$ 2.500).
- Certamente é o bastante para que seus pais fiquem realmente zangados - disse um porta-voz.