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O presidente eleito da Argentina, Javier Milei, deve manter em pé o projeto do gasoduto entre o país e o Brasil em parte financiado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), de acordo com pessoas próximas ouvidas pelo embaixador brasileiro em Buenos Aires, Julio Bitelli.
Embora ainda não tenha conversado diretamente com o novo presidente, Bitelli diz que há um grande interesse de Milei em manter as negociações para uma integração energética com o Brasil, que seria um “mercado seguro, próximo e muito mais prático”.
“Discuti esse tema com gente ligada ao Milei e óbvio que até, em função da visão de mundo que tem o presidente eleito, que é de uma eficiência econômica se sobrepondo a outros aspectos, interessa à Argentina que esse gás possa ir ao Brasil”, disse o embaixador brasileiro à CNN Brasil neste domingo (19).
Segundo Bitelli, as negociações para a continuidade do financiamento de parte do gasoduto Néstor Kirchner pelo BNDES ainda está em aberto, mas que não deve ter nenhum impedimento durante a transição. “Acho que é claramente dos dois países que esse projeto de complementação energética possa sim ser realizado”, completou.
O financiamento do BNDES ao segundo trecho do gasoduto, que vai fornecer gás da região patagônica de Vaca Muerta até o Norte do país, está orçado em US$ 800 milhões – em torno de R$ 3,9 bilhões – e depois será complementado com mais duas obras para transportar até o Brasil.
Se mantidas as obras dentro do cronograma, a expectativa é de que a operação seja iniciada em 2025. O Brasil vê o gás argentino como uma possibilidade mais em conta do que o importado da Bolívia (Gasbol), e que pode complementar o abastecimento principalmente da região Sudeste do país.
Além do gasoduto Argentina-Brasil, outras duas obras na fronteira com os dois países são financiadas pelo BNDES: as pontes entre Porto Xavier (Brasil) com San Javier (Argentina), e São Borja (Brasil) com Santo Tomé (Argentina), ao custo de US$ 120 milhões (R$ 590 milhões).