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Crise energética

Mini-apagões atormentam população

Uso intenso do ar-condicionado fez do meio da tarde o novo horário de pico do consumo de energia | Brunno Covello/Gazeta do Povo
Uso intenso do ar-condicionado fez do meio da tarde o novo horário de pico do consumo de energia (Foto: Brunno Covello/Gazeta do Povo)

Os problemas no setor elétrico vão além dos que causaram o apagão em 11 estados e no Distrito Federal no último dia 19. Há diversos "apaguinhos" sendo sentidos pelo Brasil. São falhas de fornecimento que afetam ruas ou bairros por algumas horas e que atormentam a vida da população.

Em geral, as pequenas quedas de eletricidade ocorrem por problemas na distribuição de energia, causada pelo aumento do consumo neste verão sem o devido investimento das empresas, e por problemas meteorológicos. E, ao que tudo indica, há mais "apaguinhos" neste verão que em anos passados.

No site da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), crescem as queixas de consumidores. Nos primeiros 19 dias de janeiro foram protocoladas 3.293 reclamações, número 68% acima do registrado em dezembro de 2014 (1.955 reclamações) e mais de 10% de todo o ano anterior, que somou 27.727 reclamações. Na média destes primeiros dias de 2015, foram 173,3 reclamações diárias de falta de energia, contra a média de 135,4 de janeiro de 2014, quando as reclamações em todo mês chegaram a 4.197.

Ainda não existem estatísticas oficiais do setor sobre estas falhas menores no fornecimento de energia – há uma defasagem de informações de dois meses –, mas há indicativos de que o problema está se intensificando. Algumas destas informações são calculadas pela própria Aneel.

No acumulado de 2014 até outubro, três regiões do país já haviam superado o limite anual de duração de interrupções de fornecimento (DEC, indicador que corresponde ao tempo médio, em horas, que cada residência de uma área ficou sem energia): Sul, Centro-Oeste e Norte.

No Sudeste e no Nordeste, o número estava muito próximo de ser ultrapassado. A média nacional do indicador ficou em 14,29 em dez meses, contra o limite de 14,47 para todo o ano de 2014.

"A perda de qualidade das distribuidoras tem relação direta com os problemas de caixa", diz o professor Nivalde de Castro, coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ele lembra que em 2014 o governo teve de agir várias vezes para que as contas das distribuidores fossem fechadas – muitas estavam sem energia contratada para fornecer aos clientes e tiveram que comprar no mercado livre.

Com a seca, os preços ficaram quase todo o ano no pico, e os investimentos caíram. "Os leilões de energia ocorrem com cinco, três anos de antecedência e ninguém em 2010 imaginava que o padrão de consumo se alteraria tanto com a explosão do uso do ar-condicionado."

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