O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse hoje que a definição sobre o reajuste do salário mínimo será feita em breve. "Isso vai ser resolvido até o final do ano. Será resolvido nos próximos dias", afirmou o ministro, durante programa de rádio Bom Dia Ministro.
Ele voltou a defender o critério de correção utilizado pelo governo desde 2006, alegando que o aumento real, descontada a inflação no período, foi superior a 60%, e que reuniões com as centrais sindicais para debater o tema começam a ser agendadas.
O ministro enfatizou que é preciso separar o discurso político do que "é pra valer" e comentou que a possibilidade de aumentar o mínimo para R$ 580,00, conforme reivindicação dos sindicalistas, seria fazer exceção à regra. "Não sei se a população espera um aumento de salário mínimo maior (aos R$ 540 00)", disse.
Bernardo lembrou que durante a campanha eleitoral o candidato à Presidência pelo PSDB, José Serra, defendeu o salário de R$ 600 00. "A candidata Dilma não prometeu, porque já temos um critério. Esse critério é melhor, pois todo ano garante aumento. O Serra disse R$ 600,00 em 2011, mas ele não disse o que aconteceria nos anos seguintes", afirmou.
Para ele, a grande causa de tanto debate sobre o tema atualmente é a estabilidade do Produto Interno Bruto (PIB) no ano passado, resultado da crise financeira internacional - o crescimento do PIB é um dos parâmetros de reajuste. "A briga que está dando é porque em 2009 não teve crescimento econômico."
O ministro considera que a discussão é legítima do ponto de vista político. Ele criticou, no entanto, a relação feita por alguns parlamentares entre o aumento do salário mínimo e investimentos. "Usando uma expressão que os tucanos gostam muito isso é um trololó. Parlamentares defenderem mais ou menos reajuste é natural, mas atrelar isso a investimentos é só discurso", afirmou.
"Acho legítimo, democrático, se pensar em um novo critério, mas dizer que isso tem a ver com as obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) é um pouco de exagero", acrescentou. Segundo ele, os investimentos durante o governo Dilma tendem a aumentar além do 1,5% do PIB que é feito hoje. "O PAC está andando com muita rapidez", avaliou.
Bernardo disse ainda que os servidores não devem apresentar uma pressão muito grande por reajustes no próximo governo. "O que poderá ser cobrado dela (Dilma) é que mantenha o poder aquisitivo dos servidores, mas não dizer que os salários estão achatados." Ele salientou que a política salarial dos oito anos do governo Lula foi se consolidando e que houve uma negociação geral em 2008 com todas as categorias. "Acabamos de pagar, em julho, a última parcela do acordo de 2008. Como era muito alto, parcelamos. Dilma terá até junho de 2011 para definir uma política salarial e colocar em prática", disse.