O governo federal bateu o martelo sobre o novo valor do salário mínimo: R$ 510. O piso entra em vigor em 1º de janeiro de 2010, será definido por medida provisória e é maior do que os R$ 507 previstos na proposta de orçamento encaminhada ao Congresso.A elevação do mínimo em R$ 45 embute um reajuste real de cerca de 6% e faz com que o piso fique próximo de seu maior poder de compra em 24 anos, segundo um cálculo do Dieese. Ao bater em R$ 510, o mínimo chega perto dos R$ 520 que valia em 1986. Naquela época, o Plano Cruzado, introduzido pelo governo Sarney, controlou temporariamente a hiperinflação e concedeu abono ao salário mínimo. Em seguida, porém, o fracasso em segurar a inflação levaram-no, em 1995, ao seu menor valor real, equivalente hoje a apenas R$ 251.Caixas eletrônicos
O novo valor foi fechado em uma reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. Um dos fatores que levaram à elevação acima do proposto no orçamento foi de ordem operacional. A maioria dos aposentados recebe seus benefícios com cartões magnéticos e precisa sacar o dinheiro em caixas eletrônicos, onde é difícil encontrar notas de R$ 2.
"O valor de R$ 510, embora tenha um impacto maior nas nossas contas, resolve o problema do saque", disse Bernardo. Segundo ele, a diferença entre os R$ 507 propostos no orçamento e os R$ 510 terá um impacto adicional de R$ 600 milhões nas contas da Previdência. Ele garantiu, porém, que o governo tem recursos para pagar essa diferença. "Fizemos ajustes e o relator do orçamento contribuiu com isso", afirmou.Compensação
Para o técnico do Dieese José Silvestre o arredondamento pode ter sido motivado pela perspectiva de crescimento zero do PIB neste ano. "Como o aumento real é calculado a partir da inflação do ano anterior e do PIB de dois anos atrás, em 2011 o ganho será praticamente nulo. O acréscimo de R$ 3 pode ser uma tentativa de compensação", diz.
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