O Ministério da Fazenda informou nesta sexta-feira (15) que está "averiguando e avaliando" a situação do setor de móveis, que obteve, no fim de novembro, o benefício da redução do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) por parte do governo federal. O IPI zero para o setor vai até o fim de março.
Em novembro, ao anunciar a medida, o ministro Mantega informou que havia o compromisso de que a redução do IPI fosse repassada aos preços finais dos produtos, o que, segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Mobiliário (Abimóvel), José Luiz Diaz Fernandez, realmente aconteceu nas vendas de fim de ano.
Entretanto, segundo ele, os painéis de madeira, um dos principais insumos do setor, ficaram até 8,5% mais caros desde o início de 2010, o que pode resultar em um aumento de 1% a 2% para os preços dos móveis ao consumidor nas novas encomendas - em relação aos valores praticados no fim do ano passado com o desconto total do IPI. Os painéis representam cerca de 60% do valor dos móveis populares no varejo.
"Pedimos para que os painéis não fossem aumentados até o fim do acordo, em março, mas isso não aconteceu. É uma decisão de cada empresa [de painéis]. Eles têm seus custos e já havia dois anos que o preço não aumentava", disse José Luiz Diaz Fernandez.
O presidente da Abimóvel pede que o Ministério da Fazenda renove o IPI reduzido por mais tempo, mas teme que o reajuste praticado para os painéis de madeira, com impacto no preço final do produto, coloque "em risco a continuidade da medida".
"É uma situação delicada porque houve uma quebra de acordo com o governo. A Abimóvel vem lutando por isso desde 2007 e não podemos deixar que tudo tenha sido em vão. Vamos fazer o possível para sensibilizar o setor fabricante de painéis de que a redução do IPI é fundamental para toda a cadeia produtiva", afirmou o presidente da Abimóvel.
A Abimóvel diz que o setor foi abalado pela crise econômica que eclodiu no segundo semestre de 2008, freando um pouco o otimismo do mercado, que registrava um faturamento de R$ 27 bilhões no ano, superior aos R$ 22 bilhões de 2007. Em 2009, segundo números da Abimóvel, houve uma queda de 10% nas vendas.