O secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmerman, afirmou nesta terça-feira (5) que o risco de faltar energia este ano equivale a um sexto do risco verificado em 2001, quando ocorreu o racionamento.

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De acordo com Zimmerman, que participou do 11º Enase (Encontro Nacional do Setor Elétrico), no Rio, o risco de qualquer déficit considerado para 2014 era de 6,7%, caindo para 3,7% quando se consideram, nas avaliações, as médias dos anos passados. Já em 2001, diz Zimmerman, o risco de faltar energia era de 24,7%, caindo para 18,7% quando se considera o histórico de risco de anos anteriores.

Os dados serão apresentados amanhã ao CMSE (Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico), grupo formado por diversos agentes do setor elétrico, do governo e da iniciativa privada, que monitora as condições de operação do setor e o andamento de projetos de ampliação da capacidade.

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Zimmermann disse, ainda, que o custo extra decorrente do acionamento de mais usinas térmicas (que geram energia mais cara do que as hidrelétricas), desde 2013, e da compra de energia no mercado à vista, que hoje tem preço de R$ 822 - sete a oito vezes mais cara do que a energia hidrelétrica vendida em contratos de longo prazo -, está sendo pago pelo Tesouro porque "estava onerando indevidamente o consumidor brasileiro".

Esses dois fatores criaram uma conta bilionária paga, no primeiro momento, pelas distribuidoras. Parte dela é absorvida pelo governo, via aporte em contas de encargos setoriais, e parte será repassada pelo consumidor em até cinco anos. Segundo o secretário, a conta a ser absorvida este ano pelo Tesouro deverá ficar entre R$ 10 bilhões e R$ 12 bilhões. No ano passado, foi de R$ 10 bilhões.

A conta a ser suportada pelos consumidores deverá chegar a R$ 30 bilhões, em 2013 e 2014, segundo estimativas de instituições do setor, que serão repassadas às tarifas até 2019.

Reservatórios

O diretor-geral do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), Hermes Chipp, apresentou, pela primeira vez em dois meses, uma melhora na previsão de situação dos reservatórios das usinas hidrelétricas nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, que respondem por 70% da capacidade de geração hidrelétrica do país. Segundo o operador, a nova estimativa para esses reservatórios é que, entre junho e novembro, o nível médio fique em 18% da capacidade máxima. Antes, a previsão era de 15%.

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O nível baixo de água nos reservatórios foi decorrente da não ocorrência de chuvas e levou o governo a acionar mais usinas termelétricas para garantir a geração de energia sem comprometer mais ainda os reservatórios. O novo dado também será apresentado na reunião do CMSE, de amanhã, para análise das condições do setor elétrico.

Presidente da EPE (Empresa de Planejamento Energético, instituição governamental), Maurício Tolmasquim, disse, no evento, que se houver necessidade medidas serão tomadas para reduzir o consumo, de forma a garantir o abastecimento. "Se for sinalizado que há risco, racionalização ou racionamento será feito. Agora, não vamos tomar medida precipitada desnecessária sem base concreta para isso. Em cima de quê? De uma situação... qual é o dado concreto para criar este problema?", disse, durante sua palestra no encontro. "Se aparecer [o problema], o ONS vai imediatamente tomar uma medida. Ninguém vai pestanejar".

Tolmasquim afirmou, ainda que diferentemente de 2001, hoje há previsão de ampliação da oferta de energia no sistema. "Hoje, temos um volume contratado de ofertas de energia enorme, então são situações diferentes", afirmou. Segundo Tolmasquim, apenas no ano que vem, a capacidade de gerar energia vai aumentar em 10 mil MW, ou 8% de ampliação em relação à atual capacidade.