Linha de abate de aves em cooperativa paranaense: empresas já apresentaram novas amostras que estão de acordo com a regulamentação| Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

Água por quilo

Mergulhar os frangos na água antes de congelá-los deixa o produto mais pesado na balança e no bolso do consumidor é uma fraude comum, que vem sendo alvo de fiscalização do Ministério da Agricultura. Para evitar comprar água com preço de carne, o consumidor pode tomar algumas precauções. As dicas valem também para carnes bovinas e frutos do mar congelados.

- Leia atentamente os rótulos antes de ir à caixa registradora. Ao comprar carnes congeladas, observe sempre a integridade das embalagens e as informações sobre a procedência do produto. Procure dar preferência a marcas que trazem na embalagem contatos do serviço de atendimento ao consumidor.

- Não compre produtos com sinais de descongelamento, amolecidos quando pressionados ou com presença de gelo dentro da embalagem. Esses são indícios de má conservação e possível excesso de água.

- Faça as contas. Avalie se não vale mais a pena comprar carne resfriada para que, só depois, ela seja submetida ao processo de congelamento caseiro. Os cortes resfriados costumam ser mais caros – em Curitiba, o quilo do frango resfriado custa em média 50% mais que o congelado –, mas diminuem o risco de levar gato por lebre.

- Ao descongelar a carne, o ideal é verificar se há excesso de água antes de perfurar a embalagem. Dessa forma, o "teste caseiro" é mais preciso, pois evita que a água do descongelamento escorra durante o manuseio do produto.

- Se constatar a existência de excesso de água, guarde a embalagem e nota fiscal para comprovar a compra para denunciar a fraude. Você pode devolver o produto ao supermercado onde adquiriu o produto ou pedir o dinheiro de volta.

- Se o supermercado se recusar a trocar o produto ou devolver o dinheiro, procure o serviço de vigilância sanitária ou os órgãos de agricultura e autoridades de defesa do consumidor. A irregularidade pode ser comunicada à Ouvidoria do Ministério da Agricultura, pelo telefone 0800-7041995.

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O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) liberou ontem do Regime Especial de Fiscalização as três empresas que estavam impedidas de comercializar carnes de frango in natura congeladas e resfriadas. A decisão autoriza a Cooperativa Agroin­dus­trial Consolata (Copacol), de Cafelândia(PR); a BRF-Brasil Foods, de Capinzal (SC); e a Rigor Alimentos, de Jarinu (SP), a retomar imediatamente a venda de seus produtos no varejo.

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As três empresas haviam sido temporariamente impedidas de comercializar cortes de frango congelados e resfriados após fiscalização do Mapa constatar que os produtos tinham água acima do permitido pela legislação. A lei permite que o frango inteiro e os cortes, vendidos em bandeja, apresentem até 6% de água por causa do processo de congelamento. Segundo o Mapa, análises feitas por fiscais federais nesses três frigoríficos no mês passado apontaram porcentuais acima do permitido.

O ministério determinou, então, que esses frigoríficos fossem submetidos ao Regime Especial de Fiscalização, que prevê a suspensão temporária da comercialização até que todo o estoque seja analisado. De acordo com nota técnica publicada no site do Mapa, a medida foi aplicada à Rigor Alimentos no dia 14 de julho, à Copacol em 21 de julho e à BRF na última segunda-feira.

As empresas autuadas só são liberadas do regime especial depois de rever seus programas de autocontrole e apresentar análises de três lotes com os padrões previstos em lei para comprovar a correção da irregularidade. Em nota divulgada ontem, o Mapa informou que análises realizadas por técnicos da pasta constataram que as três empresas que tiveram as vendas embargadas já cumpriram todas as exigências e estão aptas a retomar a venda de seus produtos.

O Mapa esclareceu que a fiscalização da quantidade de água presente na carne de frango é "um trabalho de rotina e a intenção é contribuir para a constante melhoria da qualidade dos produtos comercializados no país". De acordo com o diretor de Inspeção de Produtos de Origem Animal do ministério, Nelmon Costa, na maior parte dos casos os frigoríficos autuados regularizam a situação em poucos dias.

Outro lado

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BRF, Rigor Alimentos e Copacol negaram que as empresas comercializem produtos com água acima do permitido pela legislação. Em nota assinada pelo diretor-presidente Emílio Gonçalves Mori, a Copacol informou que "a fiscalização do estoque de produtos acabados e do processo de abate da empresa foi realizada entre 21 de julho e 4 de agosto e não foram constatadas irregularidades com relação à quantidade de água resultante do descongelamento dos produtos nas amostras analisadas".

A Copacol informou ainda que, durante todo o período de vistoria, "a produção e o comércio de carne de frango no Brasil e exterior foram mantidos normalmente, sem ter passado por qualquer tipo de interrupção". Apesar de não ter tido prejuízos industriais, a cooperativa teme que o embargo temporário à comercialização de seus produtos possa ter impacto negativo nas vendas de carne de frango no varejo. "Por enquanto está tudo normal, não voltou nenhuma carga. Mas mesmo que tenha sido comprovado que não houve irregularidades o consumidor acaba ficando meio em dúvida. Com certeza vai ter prejuízo", relatou o assessor de imprensa da cooperativa.

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