Brasília – O governo estuda prorrogar por um prazo determinado o adicional da multa sobre o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) que é devido ao trabalhador demitido. Esses recursos serão usados para ampliar o programa de subsídios habitacionais destinados às famílias de baixa renda. "Nós vamos encaminhar um projeto de lei estabelecendo o retorno para os 40%. Quando? É isso que o ministro Guido [Mantega, da Fazenda] sugeriu que nós pensássemos. Utilizar esses 10% adicionais para mudar o destino, para investir em habitação", disse o ministro do Trabalho, Luiz Marinho.

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Hoje os empresários pagam uma multa de 50% do FGTS quando demitem sem justa causa um empregado com carteira assinada. Desse total, 40% vão para o trabalhador e os outros 10% financiam o pagamento dos expurgos dos planos Verão (fevereiro de 1989) e Collor 1 (março de 1990). A última parcela dos expurgos será paga em janeiro. No entanto, a lei complementar 110, de 29 de junho de 2001, que regulamentou esse adicional, não estipulou data para o fim dessa cobrança.

De acordo com o ministro, essa mudança no destino do adicional faria com que os recursos destinados aos subsídios habitacionais passassem de R$ 1,2 bilhão no ano que vem para algo entre R$ 2,6 bilhão e R$ 2,7 bilhão. A multa adicional recolhe entre R$ 1,4 bilhão e R$ 1,5 bilhão por ano.

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Na semana passada, o ministro Mantega anunciou que o governo planeja destinar entre R$ 10 e R$ 15 bilhões para subsídios à habitação popular. Seriam beneficiadas com até dois terços da prestação as famílias com renda de até cinco salários mínimos.

O ministro do Trabalho garantiu que o patrimônio do FGTS não será prejudicado pela medida. Hoje, o patrimônio total é de R$ 181 bilhões. Se todas as contas do fundo fossem quitadas hoje, ainda sobrariam R$ 21 bilhões, que é o patrimônio líquido pertencente ao governo.

"A garantia aos trabalhadores é a chancela da Caixa Econômica Federal e do Tesouro Nacional. Os trabalhadores podem dormir tranqüilos. Hoje a saúde do FGTS é excelente. É excepcional."

No entanto, segundo o ministro das Cidades, Márcio Fortes, não foi discutido ainda como será feita a antecipação dos recursos do subsídio –se do próprio FGTS ou do Tesouro Nacional– já que o adicional da multa é recolhido ao longo do ano.

A criação de um fundo em infra-estrutura será feita por meio de uma alteração na legislação. Nesse caso, serão utilizados os recursos do patrimônio líquido do FGTS. Hoje, o governo pode investir apenas em projetos de saneamento.

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