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Crise energética

Ministro admite racionar energia se nível de represas cair para 10%

Eduardo Braga disse que importar energia é algo “rotineiro” | Wilson Dias/Agência Brasil
Eduardo Braga disse que importar energia é algo “rotineiro” (Foto: Wilson Dias/Agência Brasil)

Dois dias depois de afirmar que "Deus é brasileiro" e que não há risco de faltar energia, após o apagão que afetou 11 estados e o Distrito Federal, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, admitiu a possibilidade de o governo adotar um racionamento de energia caso o nível dos reservatórios chegue a um nível crítico, estabelecido em 10%. "É claro que se tivermos de tomar uma medida prudencial nós tomaremos. Se atingirmos 10% é o limite prudencial", disse. "Nenhum reservatório de hidrelétrica pode funcionar com menos de 10% de água. Ele tem problemas técnicos que impedem que as turbinas funcionem. Portanto não é no Sudeste. É em qualquer lugar", destacou.

De acordo com dados do Operador Nacional do Sistema, os reservatórios no Sudeste/Centro-Oeste, os mais importantes para geração hídrica no país, estão em 17,43%. O Nordeste está com 17,18% e o Norte com 35,2%. Apenas a Região sul apresenta indicadores melhores, com 67,17%.

Braga classificou a importação de energia da Argentina como "rotineira", embora isso não ocorresse desde 2010. Segundo ele, a opção por trazer eletricidade do país vizinho não decorreu de falta de suprimento nacional, mas pela incapacidade de se trazer para o Sudeste a energia que sobrava no Nordeste.

"O Brasil tem um acordo com a Argentina desde 2006. É uma operação normal, que sequer é tratada como compra de energia, mas como compensação", argumentou o ministro. "Trata-se de uma operação rotineira, não é extraordinária ou excepcional."

Entre terça e quarta-feira, foram importados cerca de 2 mil megawatts (MW) de energia para suportar a escalada do consumo no horário de pico. A última vez que o país havia comprado energia do exterior foi em dezembro de 2010 – a energia serviu para cobrir problemas pontuais de geração, sobretudo na Região Sul.

Braga admitiu não ter sido informado da importação de energia no momento em que as operações aconteceram e garantiu que não falta eletricidade ao Brasil.

"Ontem [quarta-feira] havia uma sobra de 2,5 GW no Nordeste que, por limitações de transmissão, não tínhamos como trazer para o Sudeste. No total temos energia mais do que suficiente, mas para alguns lugares precisamos remanejar o suprimento", afirmou.

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