O novo ministro de Hidrocarbonetos da Bolívia, Carlos Villegas, disse que chegou o momento de "moderar as declarações" e "acalmar a situação" com o Brasil.

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Em entrevista concedida à emissora "Telesur" e reproduzida nesta sexta-feira pelo canal estatal da Bolívia, Villegas disse que os dois países dependem um do outro, pois o gás boliviano tem "um peso específico importante" no mercado brasileiro.

Segundo o ministro, a Bolívia exporta por dia, desde a semana passada, uma média de 30 milhões de metros cúbicos por dia de gás para o Brasil.

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— Eu acho que chegou a hora de Brasil e Bolívia moderarem suas declarações, pois a verdade é que têm uma dependência recíproca — afirmou o funcionário, que assumiu o cargo na última sexta após a renúncia de Andrés Soliz Rada.

Soliz pediu demissão após o vice-presidente Álvaro García Linera ter desautorizado a resolução contra a Petrobras, que tinha provocado um cruzamento de declarações e ameaças entre as autoridades dos dois países.

García Linera "congelou" a decisão de Soliz de passar o controle dos carburantes produzidos pelas duas refinarias da Petrobras para a estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB), medida que faz parte da nacionalização iniciada pelo presidente Evo Morales em maio de 2006.

As declarações de Villegas para a Telesur contrastam com a posição assumida na última segunda, quando afirmou que "a Petrobras não dará o braço a torcer" e que a resolução sobre as refinarias só estava congelada para facilitar o diálogo.

O ministro também afirmou que os dois países precisam iniciar um processo de negociação e confiança recíproca, assim "como foi estabelecido na norma jurídica" da nacionalização.

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— Sabemos muito bem que as negociações, certamente, não serão fáceis, pois a Petrobras é uma das empresas que tem uma importância significativa na Bolívia e a nacionalização leva a novas regras no jogo — declarou Villegas.

Segundo ele, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse "reiteradamente" a Morales "que o Brasil aceita as novas regras escritas no decreto de nacionalização dos hidrocarbonetos".

O Ministério de Hidrocarbonetos informou que Villegas não dará mais declarações aos jornalistas sobre as negociações com as empresas petrolíferas a menos que seja necessário.

Mesmo assim, foi confirmado que na próxima semana o ministro se reunirá com executivos da Petrobras em La Paz para dar continuidade às conversas e que o ministro de Energia e Minas do Brasil, Silas Rondeau, chegará ao país em 9 de outubro.

O governo boliviano afirmou que o prazo para as petrolíferas que desejam continuar operando no país chegarem a um acordo é 28 de outubro, quando se esgotam os 180 dias estabelecidos no decreto de nacionalização.

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