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Após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmar que os ministros do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estão “conscientes da tarefa” de cortar gastos, o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, afirmou que deixará a gestão caso a iniciativa alcance benefícios previdenciários.
Em entrevista do jornal O Globo, o ministro Lupi disse defender a taxação de grandes fortunas para garantir o equilíbrio fiscal. “Quero discutir taxação das grandes fortunas. O (Fernando) Haddad (ministro da Fazenda) até está propondo isso. Quem tem que doar algo nesse processo é quem tem muito, não quem não tem nada”, argumentou o ministro.
Lupi argumentou sobre sua posição, enfatizando que as despesas de seu ministério “não tem como ser cortadas”. “Como vai pegar a Previdência? A média salarial das pessoas é R$ 1.860. Vou fazer o que com isso? Tirar direito adquirido? Não conte comigo. Vou baixar o salário? Não conte comigo. Vou deixar de ter ganho real (no salário mínimo)? Não conte comigo. Se isso acontecer, não tenho como ficar no governo”, disse o ministro durante a entrevista.
Lupi se esquivou de responder ao questionamento sobre o tamanho do corte de gastos que o governo teria pedido ao Ministério da Previdência Social e sinalizou que deve “apertar as irregularidades”. “Estamos fazendo uma economia grande conferindo gente que não tem mais direito à licença por doença. Se um cara teve uma doença e se curou, como continua tendo licença?”, disse o ministro.
De acordo com ele, mais de metade dos pedidos enviados ao Ministério são de auxílio-doença. “O Brasil está doente assim?”, questionou o ministro da Previdência.
Presidente licenciado do PDT, Lupi descarta federação com PSDB
Além do corte de gastos, o ministro Lupi foi questionado pelo jornal O Globo sobre as negociações em torno de possíveis federações envolvendo o seu partido, o PDT. Ele descartou a possibilidade de uma federação com o PSDB, mas sugeriu que há outras mais promissoras.
Lupi classificou como "um time forte" uma federação com PDT, PSB, Cidadania, PV e Rede e sugeriu que ela teria o "tamanho do MDB" com chances de manter o atual vice-presidente Geraldo Alckmin na disputa pela reeleição em 2026. "[A federação] Pode garantir a permanência do vice-presidente Alckmin (como vice)? Tudo é possível. Ele foi governador de São Paulo três vezes, não é um nome descartado. O candidato vai ser o Lula? É provável, mas será? E quem serão os adversários? É muito cedo para definir" disse Lupi.
O ministro de Lula também disse que o PDT jamais estará com o que o fundador do partido Leonel "Brizola chamava de direita carcomida, hoje representada pelo Bolsonaro". No entanto, não foi categórico ao responder se o partido deve apoiar Lula na busca pela reeleição, indicando que podem trabalhar para "construir uma alternativa". "Na fotografia de hoje, o Lula é o candidato mais forte do nosso campo. Vai continuar sendo em 2026? Pode ser que sim, pode ser que não".