O ministro francês da Agricultura afirmou nesta segunda-feira que prefere um fracasso nas negociações para liberalização do comércio mundial da Rodada de Doha da Organização Mundial de Comércio (OMC) a uma eventual reforma na Política Agrícola Comum (PAC) da União Européia (UE), que leve a uma redução de subsídios e tarifas naquele continente.
- Prefiro um fracasso das negociações de Doha do que questionar a política agrícola comum européia e seu futuro - disse Dominique Bussereau.
Para Bussereau, "a Europa não tem que fazer novas concessões em matéria agrícola" para que as negociações da rodada possam prosseguir.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, também nesta segunda-feira, em seu programa semanal de rádio, que as negpociações estão "mal paradas" e que é preciso criar um "triângulo de compromisso" entre a União Européia, o G-20 (grupo de 20 países em desenvolvimento) e os Estados Unidos para resolver as questões relacionadas a produtos agrícolas na OMC.
Apesar das declarações do ministro francês, na semana passada a UE sinalizou que poderia oferecer cortes mais elevados nas suas tarifas agrícolas, mas condicionou a proposta a concessões por parte dos outros países em outras áreas. A oferta atual do bloco europeu é reduzir as tarifas agrícolas em cerca de 39% e isentar até 8% das tarifas de qualquer corte, oferecendo em lugar disso novas e limitadas cotas de importações.
O G-20 (grupo de 20 países em desenvolvimento liderado por Brasil e Índia), no entanto, quer uma redução média de 54%; os EUA, de 66%.
A UE, no entanto, espera contrapartidas generosas dos países em desenvolvimento - por exemplo, um teto abaixo dos 30% de tarifas sobre bens industrializados que Brasil e Índia propõem. O bloco e os EUA solicitado teto tarifário de 15%, mas com disposição de elevar esse teto em até dois pontos percentuais.
As negociações da Rodada Doha - lançadas em 2001 em Doha, capital do Qatar - entraram em colapso em 2003, após a reunião de Cancún (México). No início deste mês, o diretor-geral da OMC (Organização Mundial de Comércio), Pascal Lamy, pediu mais determinação aos países envolvidos nas negociações para chegar a um acordo sobre a agenda de Doha. O novo prazo para chegar a uma proposta de acordo agora é 31 de julho.