O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, fez ontem o possível para afastar preocupações sobre racionamento de energia devido ao baixo nível dos reservatórios das hidroelétricas. O ministro negou que possa haver desabastecimento de gás para as indústrias, já que o recurso está sendo usado para produzir energia pelas usinas termoelétricas. Ele também garantiu que segue mantida a redução de 20% das tarifas de energia, como prometeu a presidente Dilma Rousseff. "Ficou a tranquilidade reiterada de que o país possui um estoque de energia firme, segura e em condições de atender a todas as nossas necessidades", disse Lobão, após reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE).
Já o diretor do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp, afirmou que para manter as termoelétricas operando, o custo pode levar a uma elevação do custo de energia. Se chegar a caso extremo (com poucas chuvas ao longo deste ano), a despesa será da ordem de R$ 400 milhões em média por mês com o uso de térmicas, que pode dar um impacto entre 2% e 3% a mais nas tarifas a partir de 2014.
A reunião começou por volta das 15 horas e foi presidida pelo ministro. Participaram o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, o secretário-executivo da pasta, Márcio Zimmermann; o secretário de Energia Elétrica, Ildo Grüdtner, e o diretor do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp. Representando a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) participou o diretor Edvaldo Santanna, e a Agência Nacional do Petróleo (ANP), o diretor Helder Queiroz.
"Estejam seguros que o país tem hoje um estoque de mais de 120 mil megawatts de energia, quando há dez anos tinha pouco mais de 70 mil megawatts. O país está interligado. Onde eventualmente houver uma carência, ela será suprida", disse Lobão.
Mesmo com os baixos níveis dos reservatórios das hidroelétricas devido à poucas chuvas, Lobão afirmou que a situação está controlada. "Os senhores viram a chuva, ela está caindo aqui em Brasília. Em 2008, no dia 21 de janeiro, ainda não tinha chuva. Os nossos reservatórios, que estão com algumas dificuldades hoje, a tendencia é melhorar daqui para frente", disse.
Apesar de queda no reservatório, Itaipu opera perto do máximo
Fernando Jasper
O lago de Itaipu está 2,3 metros abaixo de seu nível normal, mas a maior hidrelétrica do país, que garante até um quinto do consumo nacional de energia, continua operando perto de sua capacidade máxima. Às 15h50 de ontem, ela gerava 12.787 megawatts (MW), cerca de 94% do recorde de 13.648 MW alcançado em 18 de dezembro.
Segundo os boletins do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o lago está baixando gradualmente desde meados de julho ontem, ocupava 79% do volume útil. O nível caiu porque choveu menos que o esperado sobre a Bacia do Paraná, principalmente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste do país.
Em condições normais, a lâmina dágua do reservatório fica 219 metros acima do nível do mar. Ontem à tarde, estava em 216,7 metros. "Temos autorização para ir até a cota 216", diz o superintendente de operações de Itaipu, Celso Torino. Segundo ele, a margem ainda é confortável e, se o ONS solicitar, a produção pode crescer um pouco mais.
"Nos últimos dias tem chovido muito bem no Norte e Oeste do estado, aumentando a vazão de rios como o Tibagi, Ivaí e Piquiri, que são afluentes do Rio Paraná", explica. "Além disso, estamos no início do período úmido. A situação naturalmente é mais tranquila quando chove já em novembro, mas ainda há um bom tempo para recompor o reservatório", avalia Torino.