Mercados financeiros da China registram uma queda de mais de 40% esde junho de 2015.| Foto: Fred Dufour/AFP

Os ministros da Economia e presidentes de bancos centrais do G20 se reunirão nesta sexta-feira (26) em Xangai a fim de limar diferenças e de coordenar respostas frente aos múltiplos desafios da economia mundial. O Fundo Monetário Internacional (FMI) advertiu na quarta-feira sobre os “riscos de descarrilamento da recuperação econômica”, citando entre os fatores de risco a desaceleração da economia chinesa, a queda do preço do petróleo e as turbulências dos mercados financeiros.

CARREGANDO :)

Com base em análises similares, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) cortou na semana passada em três décimos sua previsão de crescimento mundial em 2016, que será de 3%.

Publicidade

Na véspera do encontro do G20, o FMI pediu que esses países adotem “respostas políticas vigorosas em escala nacional e multilateral para enfrentar os riscos e colocar a economia em um caminho de maior prosperidade”.

O G20 é formado pelos países industrializados do G7 (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido); por 12 emergentes (Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, China, Coreia do Sul, Índia, Indonésia, México, Rússia, África do Sul e Turquia) e pela União Europeia (UE).

O grupo surgiu após a crise asiática de 1997 e teve grande visibilidade como fórum de coordenação durante a crise financeira global de 2007-2008, realizando cúpulas anuais. A de 2016 acontecerá setembro, também em Xangai. Atualmente, o G20 enfrenta novos desafios, como a queda do preço do petróleo, a perspectiva de “Brexit” (saída do Reino Unido da UE) e a queda gradual das bolsas mundiais desde o início do ano.

Motores defeituosos

Além disso, os países emergentes deixaram de atuar como motores da economia mundial e dois deles – Brasil e Rússia – se encontram em recessão. O secretário americano do Tesouro, Jack Lew, negou que o mundo esteja confrontado por uma nova crise e criticou os países que querem que os Estados Unidos assumam esse papel de locomotiva.

Publicidade

“Não podemos ser os consumidores de última instância”, disse Lew em entrevista à Bloomberg Television. “Isso significa que os países com economias grandes, as regiões com economias grandes, têm que fazer uso de seus instrumentos para impulsionar a demanda global”, acrescentou.

O ministro da Economia alemão, Wolfgang Schäuble, pediu na quarta-feira (24) que os bancos centrais do G20 comuniquem-se mais e melhor entre si, para dar mais “estabilidade e credibilidade” aos mercados. Schäuble surpreendeu ao criticar em entrevista à agência alemã DPA as decisões intempestivas do Federal Reserve (Fed), que anunciou em dezembro uma flexibilização de sua taxa de juros para “dar indicações no sentido contrário quatro semanas depois”. O ministro pediu que se evitassem antes da reunião do G20 “acusações que tirem a atenção dos problemas”.

As dificuldades da China ocupam lugar de destaque na agenda dos ministros e presidentes de bancos centrais. O PIB da segunda economia mundial cresceu 6,9% em 2015, o menor percentual em 25 anos, bem abaixo do crescimento de dois dígitos apresentado durante anos.

A desvalorização do iuane em agosto, de quase 5%, seguida de outra em janeiro deste ano, levantou suspeitas de que Pequim estivesse decidida a desencadear uma guerra de divisas pata baratear suas exportações. Os mercados financeiros chineses têm registrado desde junho de 2015 uma queda de mais de 40% em relação a seus maiores valores. O índice composto da Bolsa de Xangai voltou a cair nessa quinta-feira (25): 6,41%.

Matérias-primas despencam

A desaceleração da China provocou uma forte queda na demanda de matérias-primas, do cobre ao carvão e o minério de ferro, com graves impactos para seus fornecedores, da Austrália até o Brasil.

Publicidade

A Vale anunciou nesta quinta enormes perdas de US$ 12,129 bilhões em 2015, devido à queda dos preços dos minerais, assim como a desvalorização do real e o rompimento da barragem de Mariana. O preço do petróleo caiu de US$ 100 o barril em julho de 2014 a pouco mais de US$ 30 dólares atualmente, em um duro golpe aos países produtores.